Um novo recomeço


Mais um ano difícil encontra seu término. Que bom! Que 2017 seja um ano melhor!

Que seja um ano de pequenas alegrias, mas constantes, o que as tornará maiores. Assim espero. Que os amigos de verdade e as pessoas queridas se reencontrem para comemorar esses momentos raros, mas tão bons. Que eu faça boas leituras e também os meus amigos, pois isso dá mais sentido ao viver.

Li vários autores neste interminável 2016,como Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Rubem Alves, Philip Roth, Ivan Búnin, Gaston Bachelard, e outros e outros, e reli outros mais neste ano e, de suas obras, alguns fragmentos se colaram à memória (talvez pela simplicidade deles ou pela identificação com eles) e quero aqui compartilhar alguns com aqueles que comigo têm afinidade.


“A felicidade está onde o coração encontra repouso.” (Provérbio Navajo)

“A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.” (Mário Quintana)

“O homem/ como não pode ir às estrelas/ inventou a imaginação.” (José Ricardo Dias)

“A vida é uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela.” (Lya Luft)

“O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.” (Adélia Prado)

“Nenhuma palavra/ alcança o mundo, eu sei/Ainda assim,/escrevo” (Mia Couto)

“O que é belo deve ser imortal (...) A arte não suporta o efêmero. Ela é uma luta contra a morte.” (Rubem Alves)

“Precisamos descobrir que amadurecer não significa desistir nem estagnar” (Lya Luft)

“Atrás das cortinas escuras, parece que a neve é mais branca. Tudo se ativa quando se acumulam as contradições.” (Gastón Bachelard)


E de alguém que tinha muita imaginação e doçura:

“A vida é algo que acontece enquanto fazemos outra coisa.” (John Lennon)


E, assim, entre uma frase e outra, um verso e outro, de um bom autor, vamos tecendo o nosso presente, equilibrando os sabores e os dissabores e aprendendo a degustar com alegria as incontáveis surpresas do dia a dia.

Feliz Ano Novo a todos que me leem e a quem sou muito grata por isso!



Papai Noel de verdade?


Olhinhos espertos. Curiosos. Surpresos diante da vitrine com o gordo velhinho, de barbas brancas e roupa vermelha, Kevin me perguntou. É outro, vovó? É outro Papai Noel?

Como? Às vezes somos surpreendidos com as perguntas infantis e precisamos pensar rápido para não decepcioná-las, mas nem sempre acertamos. Kevin ainda não tem três anos, mas logo à entrada do shopping foi recepcionado pela figura sorridente do Papai Noel que afagou sua cabecinha num gesto carinhoso. Ele sorriu meio tímido, e parecia ter-se sentido atraído pelo afago, pois ficou olhando para trás, enquanto nos afastávamos em direção à profusão de cores das vitrines no interior do shopping.

Agora, depois de passar por várias lojas, ele se vê novamente diante de uma imagem similar, de roupas vermelhas, que, de dentro de seu limitado espaço de exposição, acena para os que estão do outro lado do vidro. Ficou intrigado. Daí aquela sua pergunta: É outro, vovó? Não, meu bem, tentei explicar. Aquele é de verdade. Este é só um boneco. Ele representa o Papai Noel de verdade que brincou com você. Ele se calou. Eu também, pois percebi imediatamente que dera a resposta errada. Papai Noel de verdade?! Que resposta idiota. Mas o melhor seria esquecer essa conversa.

Mas nem sempre é fácil esquecer o que dizemos. E enquanto percorríamos as “ruas” comprimidas entre as lojas de sapatos e bolsas, roupas, joias, brinquedos e objetos de decoração, ele observava atentamente os enfeites natalinos tão cheios de cor e brilho, e eu pensava em como consertar aquela frase infeliz sobre o Papai Noel de verdade. Mas, segurando aquela mãozinha tão pequena na minha, e olhando aquele rostinho encantado com as vibrações do entorno, senti que era muito cedo para entrar numa questão filosófica como aquela sobre verdade e mentira para explicar a existência de representações e simulacros que nos acompanham pela vida toda. Daqui a pouco ele nem se lembrará mais do que eu disse. Compramos um carrinho de brinquedo bem pequeno, como é a sua preferência agora, e nos encaminhamos para a porta de saída.

E lá estava o Papai Noel de verdade, de novo. Agora, porém, Kevin não se intimidou e correu até ele. Recebeu um novo afago e, então, fez tchau para o bom velhinho. Já na calçada, esperando o táxi, perguntei se ele gostara do passeio e ele disse: Sim. E do que você mais gostou? E entusiasmado ele completou: Do Papai Noel de verdade. Ele é muito grande! Ele é muito forte! Ele é forte igual o Huck! É mesmo, Kevin? É, vovó, mas o Huck não é de verdade. Ele, ele, é só um desenho. Feliz, apertei mais forte sua mãozinha. Tenho ainda muito que aprender com esse pingo de gente.

Promessas

Final de noite. Final de domingo. Liguei o computador e pensei: vou escrever minha crônica. Mas não quero pensar em política. Hoje estou de folga dos problemas do mundo. Tirei o dia para amenidades. Foi um dia de chuva miúda e contínua, de preguiça alongada, como os passinhos dos ponteiros dos relógios analógicos. Tinha tudo para ser triste, mas não foi. Tivemos um almoço alegre em meio à família e a delícias gastronômicas. E também direito a vinho. Delícia! São momentos que se colam à memória e nos deixam com saudade depois.

Então, o melhor é esquecer o soco no estômago com o resultado das eleições americanas. (Não! Não! Donald Trump, não!) Mas como esquecer o nefasto Trump se é ele, sim, o vitorioso? E para a desgraça de muitos! Principalmente para aqueles que residem nos países como o nosso que, no momento, se encontram sob e sobre os escombros da terra arrasada pelo desfalque monumental cometido, aqui, pelo Partido dos Trabalhadores, e que começava agora a tentar se equilibrar com as medidas adotadas por Temer, Meirelles, Serra e outros que buscam agora, a duras penas, reerguer o país, reerguer a nossa Economia para dar dignidade àqueles que foram lesados pelo populismo e pela ganância sem limites de Lula e seus comparsas.

Ainda estou indignada. Por isso, enviei um e-mail para uma pessoa muito querida, Heloísa, dizendo: “ ‘Aquela coisa’ venceu as eleições norte-americanas e colocou o mundo em estado de pânico. Para mim foi uma surpresa muito negativa, mas espero que os republicanos consigam controlar aquele destrambelhado”.

Trump, tudo indica, será o fantasma que assombrará a vida de muitos pelo mundo todo porque insinua ele fortalecer os laços com o perigoso Putin, de quem é admirador. E assim a força da Rússia, sem ser freada pelos Estados Unidos, poderá novamente assomar outros patamares no espaço geopolítico, como no passado, e aumentar ainda mais os conflitos bélicos para satisfazer os sonhos de poder absoluto, acalentados pelo dissimulado Putin desde os tempos da KGB.

Será que estou delirando? Certamente não, mas sinceramente gostaria de estar. São ideias plausíveis estas diante do histórico de ambos, por isso o medo. E esse medo só se dissipará se no próximo ano, ao assumir a Presidência, Trump, o fanfarrão, tomar medidas contrárias às que anunciou durante toda a campanha eleitoral, as quais foram negadas logo após o resultado do Colégio Eleitoral, no discurso da vitória.

Como acreditar, então, nas palavras desse homem voluntarioso, boçal e sem planejamento para governar a maior economia do mundo e, consequentemente, os destinos das nações, porque bem sabemos que qualquer turbulência nos países que são as grandes potências como EUA e China, hoje, será um tsunami para o resto do mundo.

O que nos resta é esperar. E procurar não estragar um domingo como o de hoje que começou bem, apesar da chuva, mas com lembranças nebulosas, pois prometi a mim mesma não pensar em política, porém não consegui cumprir com o prometido. Espero, então, que outros, mais poderosos do que eu, também façam o mesmo, ou seja, não cumpram certas promessas e nos deixem viver livre e plenamente a rotina dos nossos dias, sem medos e sobressaltos e com direito a sonhar com um futuro bem melhor, e não o contrário disso.

Seguir ou não o figurino?


Estamos vivendo um tempo paradoxal de rebeldia aparente e subserviência insuspeita. Todos temos de ser modernos, queiramos ou não. E ser moderno, hoje, entre outras posturas, é estar inserido nas redes sociais. Quais? Todas, me parece. “Como? Você não usa whatsApp?!!” É o espanto sincero diante de uma negativa para uma pergunta sobre esse suporte tecnológico que hoje está na palma da mão de todos: jovens e idosos. Então, não nos resta outra alternativa senão mudar a postura e aderir a tudo que surge nos novos meios de comunicação?

E se eu me negar? Bem, essa decisão leva, sem dúvida, à exclusão e a um problema de relacionamento com os seres mais antenados da atualidade. Tenho amigos que já não abrem mais os e-mails. “É tão ultrapassado, tia!”, me disse uma sobrinha. Pois é, ele como nós já está perdendo o espaço anteriormente adquirido, a ele já está se colando o rótulo de velho, de ultrapassado. E é uma tendência contemporânea, pois o mercado nos premia com uma frequência cada vez maior, em um tempo cada vez menor, com os produtos inovadores de que nos tornamos reféns, se quisermos nos manter conectados e atualizados.

Mas e a nossa liberdade de escolha? A nossa independência, pela qual todos lutamos um dia, e que hoje se tornou uma guerra ainda mais acirrada, em especial pelos jovens e adolescentes, que em sua maioria ignoram as orientações dos pais por considerá-los “cartas fora do baralho” por não mais terem argumentos para dialogar com esta geração diferente e tecnológica.

Serão mesmo tão diferentes estes jovens em sua rebeldia? Não foi sempre assim no passado? Serão mesmo tão independentes, tão autossuficientes e detentores de saber, como exteriorizam? Tenho dúvidas. Sei que o aprendizado das novas tecnologias é por eles assimilado de forma invejável, mas e quanto a outras competências? Leituras de mundo, discernimento entre o certo e o errado? Os fatos registrados nos últimos dias provam o contrário, me parece.

A invasão das escolas por alguns grupos, por todo o país, é um índice do fenômeno “Maria vai com as outras”, da ausência de discernimento desses garotos do que acontece realmente no Brasil. Conduzidos e manipulados por grupos de esquerda, entre eles pais, professores e até “autoridades”, que deveriam todos zelar pela integridade física, psicológica e intelectual desses jovens, quase crianças, ficaram estes à mercê de projetos ideológicos de adultos mal informados, alguns, e mal intencionados, outros. E estão sendo eles mesmos as maiores vítimas desse processo. Tanto é que um garoto ali foi esfaqueado por outro e perdeu a vida, e uma garota, de apenas 16 anos, foi colocada como porta-voz desses grupos, acusando em sua fala os políticos pela morte ocorrida nessa instituição invadida por eles. Pode isso? E ela deve estar se achando o máximo!

Esses fatos comprovam a incoerência entre a afirmação de que os jovens da atualidade, conectados e antenados, constituem uma geração independente, que sabe o que quer e sabe o que faz, porque detêm todas as informações “on line”, pois se assim fosse, estariam eles estudando para realizar o exame do ENEM, na data preestabelecida, e assim preparando o seu futuro e o de seu país, destroçado nos últimos anos por uma esquerda irresponsável, e não estariam ali, subservientes a representantes de ideologias caducas, celebrando a vitória da ignorância e da anarquia nas escolas. Um lembrete a eles: O saber, meninos, não se faz só com a aquisição de iPhones; exige escola, tempo e estudo. Muito estudo!

Uma pausa para essa loucura

Que vivemos em um mundo caótico ninguém tem dúvida. Os fatos registrados pela mídia diariamente nos confirmam isso. Daqui ou de fora, as notícias se mostram sempre perturbadoras. São os refugiados para os quais ninguém encontra uma solução decente e humanitária; são os ataques terroristas que parecem não ter fim; são os valores numéricos de dinheiro público desviado por políticos brasileiros para contas particulares que parecem surreais. São cifras impensadas se as colocarmos em tempos pretéritos, pois embora sempre se dissesse que os políticos eram, em sua maioria, desonestos nunca se ouviu falar em quantias tão vultosas como milhões de reais, ou até milhões de dólares, no caso dos mais vorazes, como agora. Ou seriam bilhões? Não sei se estou atualizada, não.

E que mundo é este onde, em nosso país, mesmo com esses assaltos recentes aos bancos e às empresas estatais que esfarelaram nossa Economia - fatos expostos e confirmados -, nos deparamos com pessoas que defendem os responsáveis por essas práticas criminosas por dizerem não acreditar nelas ou, o que é pior, por afirmarem que eles assim agiam para proteger a classe mais necessitada do país, os desprotegidos, os esquecidos pelos governantes anteriores? Raciocínio esse que só pode nos deixar perplexos!

Sabemos que a ignorância apresenta um elevado nível em nosso país e essa distorção educacional produzida por escolas e mestres que colocam fora dos espaços escolares alunos, com um diploma na mão e um vácuo de conhecimentos na mente, só poderia resultar nesse tipo de seres incapazes de um discernimento claro das questões que envolvem o seu entorno. E estes são facilmente manipuláveis por aqueles que, com um forte propósito ideológico, vão pouco a pouco minando a mente dos que os cercam, transformando-os em seres autômatos que se transformam em multiplicadores de ideias retrógradas, repetindo a outros, à exaustão, as expressões com que foram doutrinados. E, assim, tornam-se legiões.

Por isso, tantos desentendimentos entre amigos e familiares, tantos ferrenhos defensores hoje de práticas que no passado eles mesmos consideravam indefensáveis. É o fanatismo ideológico, uma doença ou uma loucura que anula a competência racional, que obstrui a visão do real e em seu lugar coloca o ideal fabricado, a imagem idealizada, uma fantasia malévola cujo objetivo é exatamente esse: mascarar a realidade. E a história remota ou recente tem inúmeros exemplos para elucidar essa questão. Temos, entre eles, as forças mortíferas de Hitler e Stalin, temos ainda hoje os não menos impiedosos ditadores da Ásia, da África, do Oriente Médio e da América Latina. Temos os adeptos suicidas do Estado Islâmico...

Será que isso não basta? Parece que não. As pessoas sempre acham que o seu ídolo é diferente. Que as suas motivações são plausíveis. Acham, por exemplo, que o ex-presidente Lula (segundo ele mesmo “a alma mais honesta deste país”), e sua família, não cometeram nenhum crime. É perseguição política o que se diz, é intriga das elites, é inveja porque um pobre chegou ao mais alto posto do país, e outras bobagens mais. Quanto ao enriquecimento da família Lula da Silva, os seus seguidores não acreditam nesse “absurdo”, ou se calam, ou mudam de assunto quando neste se toca.

Contudo, Moro e sua equipe, as formiguinhas de Curitiba, trabalham 24 horas ininterruptamente, nos parece, e estão empenhados realmente em trazer à luz todos os detalhes dessa prodigiosa família que em tão pouco tempo amealhou uma fortuna tão grande, mas tão grande, de fazer inveja mesmo, tudo indica, a um outro falastrão que agora quis enveredar pelo mundo da política, o candidato norte-americano à Presidência da República Donald Trump.

A biografia deles é muito diferente, mas ambos amam o dinheiro acima de tudo e são boçais, e isso os torna similares. A diferença é que Trump estudou e trabalhou com o pai, um empresário, e com ele aprendeu as técnicas para gerir depois as empresas e enriquecer cada vez mais, ao longo da vida, com a sua ousadia e competência empreendedora. Lula, não. Ele não teve a mesma formação e nunca valorizou o estudo. Foi sindicalista e arruaceiro de porta de fábrica e, na ditadura, para receber as benesses do DOPS, “entregava” aos militares os colegas militantes. Não teve pai empresário, mas juntou-se a eles para fazer fortuna (Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS...) e, pelo que já se apurou, o gatuno de Garanhuns, tal como Trump, também descobriu o caminho do ouro.

Não sei, não, mas algo me diz que Trump não ocupará a Casa Branca, e que Lula logo mais terá de se mudar; não mais, porém, para o apartamento na praia ou para o sítio em Ibiúna, nem para o Palácio da Alvorada, tampouco, mas para o “recanto dos puros”, ali mesmo em Curitiba.

O Brasil tem jeito


Sim, é verdade. Felizmente começamos a visualizar uma pequena luz no meio das trevas em que foi lançado o país, pelos últimos governantes populistas e agora já podemos pensar: sim, o Brasil tem jeito.

Temos um novo Presidente da República que soube elevar as cores verde e amarela da nossa bandeira no evento da ONU, neste último encontro, falando ao mundo com um Português impecável, escorreito mesmo, bem diferente daquele de seus antecessores. E discorreu sobre as novas perspectivas, e o novo formato de governo para o Brasil, buscando demonstrar seriedade e competência em sua postura e, assim, atrair novos investimentos que certamente impulsionarão a nossa economia e, com ela, gradualmente, a retomada da criação de empregos e serviços. E consequentemente o retorno à tranquilidade das famílias que vêm amargando os seus dias diante da impossibilidade de equacionar suas despesas e receitas porque estas, as receitas, têm de ser divididas com aqueles familiares que há muito não sabem mais o que é um hollerith no final do mês.

Temos uma operação saneadora na área jurídica, a Lava Jato, que não se intimida diante de poderosos e, apesar das reclamações dos que têm contas a ajustar com a Justiça e da hipócrita indignação de seus advogados, segue impávida na busca de provas e de conexões entre os fatos por meio das delações dos envolvidos e da rota dos desvios do dinheiro que nos foi escandalosamente surrupiado por aqueles que se diziam os mais bem intencionados, “os puros”, para livrar o país da ganância da elite burguesa.

Entre esses poderosos, nomes de “intocáveis’ como o de Palocci, por exemplo (braço direito de Lula, depois de José Dirceu), hoje estão na boca do povo que começa a acreditar em justiça ao se recordar da triste história de Francenildo, o jovem que perdeu o emprego de caseiro, foi desmoralizado e rejeitado como profissional apenas porque ousou confessar que o Todo Poderoso Palocci, à época, frequentava a casa onde o rapaz trabalhava para a orquestração de lobbys e encontros com garotas de programa.

Como vingança, alegando que ele estava a serviço da oposição, seu sigilo bancário e sua vida foram expostos na tentativa de comprometer a sua reputação, o que não conseguiram, como se o bandido dessa história fosse ele, Francenildo, e não o político famoso que promovia toda sorte de crimes, ou os tão propalados “crimes de colarinho branco”, e que ordenara a ação bancária inescrupulosa, segundo os comentários da mídia nessa ocasião. Francenildo pagou muito caro por falar a verdade, teve a sua vida e o seu futuro pulverizados, ao contrário de Palocci que saiu ileso do crime cometido contra ele porque o Supremo, “por falta de provas”, ou sei lá por que razão, o considerou inocente.

Agora tudo mudou. E mudou para melhor. Com a nova Presidente do Supremo Tribunal Federal, a Ministra Cármen Lúcia, que já disse a que veio, e os jovens promotores e juízes de Curitiba, que não se intimidam diante de ‘figurões”, as provas da conduta nada ilibada do ex-ministro de Lula e Dilma, por todos estes anos, estão sendo recolhidas, analisadas e colocadas em xeque diante da imensa fortuna amealhada pelo político em tão poucos anos de atividade. Uma pequena amostra já veio à tona, mas muitas outras estão prestes a emergir porque o seu envolvimento com outros crimes praticados em conluio com a turma do PT, em especial os empréstimos fraudulentos do BNDES, para Cuba e África, e as milionárias consultorias do “especialista,” terão de ser melhor explicadas e comprovadas. Por isso foi decretada a sua prisão temporária, sendo o Sr. Palocci conduzido pela Polícia Federal a Curitiba para prestar depoimentos e talvez de lá não volte tão cedo. Que assim seja. É o que esperam todos os francenildos deste país.

E Dilma se foi

Felizmente no dia de hoje, 31 de agosto de 2016, a tão esperada decisão do Plenário, quanto ao impeachment da Ex-Presidente Dilma Rousseff, chegou ao final com o seu afastamento definitivo. Foi um processo longo e ruidoso graças à gritaria dos petistas que, como sói acontecer, agrediram de todas as formas os integrantes desse tumultuado processo, mas juridicamente legal, a que os “vermelhinhos” chamavam insistentemente de “golpe”, referindo-se aos colegas que o defendiam como canalhas, pessoas sem moral, e tantas outras qualificações negativas a fim de produzir um espetáculo grotesco desse momento para o Documentário do Impeachment, do PT, cujas imagens estavam sendo ali mesmo colhidas. Era preciso, gritar, ofender, desqualificar para sair bem na fita.

Deixando de lado essas grosserias, que acabaram sendo revidadas pelos demais partidos, chegou-se ao “Bye-Bye, Dilma”. E o povo brasileiro, em sua maioria, já sente uma diminuição da poluição no ar que respira. Teremos sim dias melhores, logo após o longo e difícil período de ajustes da Economia, arrasada esta no período petista. O Presidente Michel Temer terá pouco mais de dois anos para pôr a casa em ordem e vamos rezar para que consiga tal milagre.

Quanto à gerentona raivosa, que deixou o governo à força, promete se vingar de todos, entrar com processo e não deixar o novo governo em paz, assim como todos os seus defensores, prometendo tumultuar com mais vigor ainda as votações no Senado e a tranquilidade das ruas, para que o país continue em crise, não saia do lugar, castigando mais ainda o sofrido povo que sem emprego e sem condições de saldar suas dívidas, só espera por mudanças em Brasília para retomar o emprego e com ele a dignidade perdida.

Por isso, D. Dilma, vá pedalar em outras plagas; aproveite o tempo livre, e leve junto seu mentor, o Lulão, e também o Lulinha, enquanto o juiz Sérgio Moro não termina a arrumação de uma suíte confortável, em Curitiba, para receber de braços abertos e as algemas da casa pessoas assim de tão fino trato.


Os problemas, as artes e os textos


“Não consegui escrever nada nestes dias. Acho que estou com um vácuo no cérebro.”, confessei a um amigo, por e-mail, na semana passada. Ele me entende e sabe que não é indolência minha. Não é um hábito meu postergar compromissos. Quando me parecem desagradáveis, me empenho para deles me libertar o quanto antes, mas se me parecem interessantes me empolgo e as ideias vão se somando com rapidez e começo a selecioná-las e, assim, as frases e os parágrafos vão surgindo na telinha do computador. Depois, com um olhar mais crítico, mudo aqui, mudo ali e o texto acaba por se fazer. E a sensação de ter finalizado o trabalho é muito positiva. Uma felicidade efêmera, mas profunda naquele instante.

Por isso, andei meio angustiada nestes últimos dias. Tenho de entregar um texto, o prazo está se esgotando, porém não sinto desejo nenhum de concluí-lo. O que há comigo? O assunto é literatura e esse é meu universo. É o que mais me seduz, mas só digitei duas páginas e nada mais. Nele, dei início a uma discussão sobre leituras e autores da atualidade e sei o que tenho para dizer. Venho refletindo sobre essa questão há algum tempo e quando me solicitaram um ensaio sobre Literatura e Comunicação, vibrei de emoção porque já me havia proposto até a dar um curso sobre essa temática e senti que chegara o momento de passar da ideia à ação. Redigiria o texto e, em seguida, me voltaria para a outra atividade: a proposta do curso que vinha lentamente arquitetando.

Para a produção textual escolhi três autores e as obras que serão comentadas. Analisei os conceitos que nortearão minha análise. E estou pensando nas citações, tanto teóricas quanto literárias para corroborar minhas leituras. Ou seja, visivelmente não deveria haver obstáculos e a escrita deveria estar avançando. Contudo, o texto não caminha. Ligo o computador, releio o que ali está, altero uma ou outra linha e me distraio com outras questões que estão me preocupando no momento. Problemas com que a vida nos “premia”, às vezes. Surgem de forma inesperada e, algumas vezes, não temos controle sobre elas. Dependemos de soluções de terceiros e isso é angustiante.

Nesta madrugada, apesar desses elementos interferentes e desagradáveis, consegui me concentrar e concluir a leitura de uma obra que nada tem a ver com o meu projeto urgente de preparação do ensaio e da proposta de curso. Terminei a leitura de As crianças mais inteligentes do mundo, da jornalista norte-americana e pesquisadora de Educação Amanda Ripley. Excelente obra, em especial para professores e pais que se interessam pela função de preparar adequadamente as crianças e os jovens para um futuro promissor, alternando rigor e leveza nessa jornada nada simples de desenvolver a mente para a ciência e para a sensibilidade, imprescindíveis elas para se atingir o saber e a felicidade, ou seja, a satisfação pessoal.

E para completar as minhas convicções a respeito da formação educacional: alguns pais, inadvertidamente acreditam que o correto é ter professores bonzinhos que deem boas notas aos filhos para serem aprovados e, assim, deixá-los felizes, com o que não concorda Amanda Ripley, a pesquisadora; ou o oposto: aqueles que pensam que os garotos só precisam se preparar para o exame vestibular como meta última para, então, ter sucesso na vida profissional e mais nada, com o que não concorda o professor e filósofo contemporâneo Leandro Karnal.

Em seu artigo no jornal O Estado de S. Paulo, deste último domingo, 21/08/16, Karnal expõe sua visão sobre o assunto sob o título “Educar não é adestrar”, de forma clara e contundente. Não nega a importância do aprendizado eficaz da língua e da matemática, mas nos prova que isso não basta para uma formação holística dos estudantes de todas as idades. É preciso, afirma ele, inserir na programação da criança desde pequena a visita aos museus para educar o olhar e desenvolver a sensibilidade diante das formas e das cores, assim como o aprendizado da música que, segundo ele, “é para criar alma, não para tocar, obrigatoriamente, no Carnegie Hall ou na Sala São Paulo”. Isto é, a criança se torna mais inteligente pelo fato de que o aprendizado dessa arte exercita simultaneamente várias áreas do cérebro e Karnal ainda enfatiza “Acreditem: a música torna as pessoas mais inteligentes! Rousseau, Nietzsche, Adorno e Barthes foram muito interessados em música. Parte de sua agudeza mental derivou disto”.

Cheguei à conclusão que me faltou essa maravilhosa habilidade, tocar um instrumento, mas felizmente o desastre não foi total porque me ensinaram a gostar de boa música e das imagens expostas nos museus, nos livros de arte e até nas paredes do meu entorno. Isso talvez tenha amenizado as minhas deficiências.

Já sei como espantar meus fantasmas e voltar aos meus textos. Vou ouvir um pouco de música celta pela voz de Enya. Talvez dê certo. Se não der, vou me deliciar com aquela sonoridade que me leva para longe e é tão bom!

É apenas o outono


Nas alamedas alongadas
Só uma rubra textura se vê
de folhas ainda trêmulas
sem viço
sem luz
sem amanhã.

É apenas o outono que chega
de mansinho
e vai sugando a seiva
e vai suprimindo a vida
que se deixa levar pelo vento
como se nunca tivesse existido.

Tudo pode acontecer


A imprevisibilidade é sempre possível. Foi uma viagem que programamos e não deu certo. Foi um projeto que na última hora se revelou falho e teve de ser refeito. Foi um ato de traição cometido por pessoas em quem muito confiávamos e que nos matou um pouco. Foi um bilhete de loteria que, comprado apenas por hábito, de repente foi premiado. Foi a voz titubeante de alguém muito contido e que, em um momento impensável, nos disse “você é muito importante pra mim”. Fatos e momentos que se colam à memória de todos que os vivenciam.

Assim, o prazer de um instante e a angústia de outro se alternam, mas nem sempre de forma equivalente, e a vida em seu percurso continua a nos surpreender, seja para o bem, seja para o mal. E talvez seja essa mesma incapacidade de prever o momento seguinte que nos impulsiona a buscar em um novo dia uma possibilidade de adoção de ações e posturas mais acertadas. Porque estamos sempre, o que é óbvio, procurando acertar e não o contrário disso.

Da mesma forma como os fatos transcorrem na vida de cada um, sem uma previsão confiável, eles se concretizam na história dos povos. E, se assim não fosse, as grandes tragédias teriam sido evitadas, poupando o sofrimento e a vida de seus habitantes. A narrativa do Cavalo de Troia, lá na Antiga Grécia, teria tido certamente outro desfecho se os troianos tivessem desconfiado do “presente” dos gregos. Abraão Lincoln não teria ido ao teatro naquela noite negra em que seu assassino ansiosamente o aguardava. Os estudantes universitários não teriam programado a sua confraternização na boate Kiss onde terminariam carbonizados quase 300 jovens de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Os últimos atos terroristas na França teriam sido interceptados pelo Serviço de Inteligência europeu, se se pudesse prever a mente diabólica dos integrantes do EI. E não estaríamos nós, aqui, em nosso país, preocupados com o que pode acontecer neste mês de agosto durante as Olimpíadas. E tudo pode acontecer, nós sabemos.

É uma preocupação não só dos responsáveis pela realização dos jogos, mas de todos que dele participam, incluindo aí os seus familiares. Sabemos que há uma união de forças nacionais e internacionais para que esse evento seja tranquilo e um sucesso, mas quem pode garantir que isso assim ocorrerá? É um momento delicado em que o país corre sério risco de ver o fim da festa antes do término previsto.

Situação de incerteza e de risco também se vê na área política para este mesmo mês de agosto. Há um impeachment em curso e por mais que se espere como certa a votação pelo sim, a decisão está nas mãos, ou no bolso talvez, dos “indecisos”. Ou seja, daqueles que esperam pela melhor oferta para, então, votar, “de acordo com a sua con$ciência”, como costumam afirmar eles. E se esse impeachment não acontecer, o que é imprescindível para que as mudanças que já começaram com o novo governo tenham continuidade, o País sofrerá um abalo sísmico incapaz de ser medido pela Escala Richter, mas capaz de desmoronar as bolsas, o valor da nossa moeda e a última esperança dos milhões de brasileiros que desempregados ainda sonham com a chegada de dias melhores.

Mas se Deus é brasileiro mesmo, como diz a maioria, então vamos torcer para que Ele se manifeste e nos proteja nestes dias e traga, também, um agosto cheio de boas notícias e de muito sucesso, de recuperação e de muitas vitórias: no esporte, na política e na Economia. Vamos torcer!

E assim caminha a Educação


A inversão de valores na Educação vem a cada dia revelando sua nova face, em especial em nosso país. Seria mesmo com este formato de greves contínuas e intermináveis por docentes, de ocupação e depredação de escolas por alunos, que os jovens conscientes, seus pais e mestres responsáveis sonharam em seus projetos de vida e de futuro?

Não sei, não. Fico confusa ao abrir os jornais ou ver/ouvir pela TV as cenas de violência praticadas por jovens “estudantes”, alguns quase crianças, que acintosamente impedem que colegas e professores se aproximem dos portões das escolas com o objetivo óbvio de respectivamente aprender e ensinar

Na USP, na UNICAMP e na UNESP, a barbárie dominou. Acompanhamos cenas vexatórias de alunos raivosos apagando a lousa à medida que o docente ali ia colocando as fórmulas matemáticas. Eles não permitiam que os mestres quisessem ensinar a alunos que queriam aprender. E a escola não nasceu com essa finalidade? Não é lá que a educação iniciada em casa se completa para que as crianças e os jovens desenvolvam a sua capacidade cognitiva e gradualmente se tornem seres pensantes, capazes de discernir entre o certo e o errado e de, posteriormente, buscar soluções para os problemas que certamente surgirão nos diversos espaços por onde irão circular? E o nosso amanhã não está nas mãos desses estudantes?

A mim parece que o nível de escolaridade dos indivíduos, o conhecimento adquirido nos bancos escolares, é o que nos diferencia e não a cor da pele, dos olhos ou dos cabelos, ou, ainda, a conta bancária. A conta bancária? perguntarão surpresos alguns. Sim, a conta bancária, porque esta, diferente do saber, também pode ser volátil. Em dado momento posso estar na lista dos mais ricos e, em outro, sair dela e quase cair no anonimato. Quem não se lembra do oitavo homem mais rico do Brasil, pela Revista Forbes, em 2012, Eike Batista? De sua elevação e queda”? O empresário que ousou afirmar que seria o homem mais rico do país em 2015, hoje, em 2016, é uma figura sem nenhuma projeção no cenário nacional.

Em tempos de “Lava Jato”, então, muitos proprietários de contas milionárias, com depósitos aqui e no exterior, estão devolvendo valores ao erário público por terem alguns atravessado o Atlântico, e outros mares, sem a devida comprovação legal e, assim, a sua riqueza está sendo implodida ou, pelo menos, se encontra em escala descendente. Dinheiro é moeda que pode ser volátil, sim.

Por isso, continuo acreditando na Educação, nesse valor maior que nos molda como pessoas e que uma vez adquirido exige uma complementação contínua desse elemento: o saber, de querer saber mais, de entender melhor, para viver condignamente em sociedade, para viver de forma plena e respeitável o tempo que aqui nos cabe. E isso ninguém nos tira porque está entranhado nessa máquina genial que é o cérebro humano.

Assim, não consigo ver com clareza, nem aceitar como um processo normal e evolutivo, o que ocorre hoje nos meios estudantis do ensino médio (fato inédito) e nos meios acadêmicos, em que o desprezo pelo ensino é o que se revela pelos atos de violência física contra o patrimônio público que os acolheu e que é pago por todos nós, que pagamos impostos para mantê-los. Atos esses praticados por alunos, apoiados muitas vezes pelos pais, e também por alguns professores que, por motivos ideológicos, talvez, encontrem nessa postura uma forma de se insurgir contra o poder vigente, sem se preocuparem com a lacuna que deixarão no currículo escolar desses incautos alunos, porque esse vazio, sabemos, não se preencherá sozinho ou por osmose.

Quão diferentes são as escolas em países onde a população sempre recebeu uma educação de alto nível! O respeito aos mestres, ao espaço onde o ensino é transmitido, aos mais velhos e ao outro, em geral, é bem visível. É perceptível o valor que move esses povos, ou seja, a educação e, assim, os faz gigantes diante de nós. E tivemos ocasião de constatar essa realidade quando da nossa fatídica Copa de 2014 em que os japoneses, após o término do jogo, recolheram todos os resíduos dos comestíveis consumidos, como copos, guardanapos etc... etc..., durante a partida, deixando o espaço que ocuparam para assisti-la tão higienizado como o encontraram.

Será que nós, em algum tempo, no futuro, assumiremos posturas similares? Pelo andar da carruagem...

Poema-vida


Nos múltiplos espaços de uma mente atormentada

Um turbilhão de cantigas imemoriais

Quase esquecidas

De imagens que se inscrevem

Meio nítidas

Meio esmaecidas

E delineiam momentos lugares e muito mais...

Registros sensíveis

Delicados

De um poema inacabado

A que misteriosamente

Intitulamos:

Vida

Uma travessia difícil


Um olhar retrospectivo nos leva a 2002 quando a população brasileira foi vítima de um discurso populista e elegeu o PT, à época conhecido como o partido dos puros, para higienizar a área política que, segundo seus integrantes, e à frente o ex-Presidente Lula, era composta por corruptos e picaretas.

Os discursos inflamados ou incendiários de palanque, marca registrada desse partido, apontavam o candidato de esquerda Lula (que depois se negou ser de esquerda para angariar mais votos naquele momento) como o “salvador da Pátria”, aquele que tinha por objetivo acabar com a miséria deste país, elevá-lo à categoria de país de primeiro mundo e extinguir, segundo ele, o nosso complexo de “vira-latas” diante do contexto global.

Lula venceu as eleições e recebeu do governo Fernando Henrique Cardoso um país estruturado, apoiado na implantação do Plano Real, o que colocou o Brasil entre os emergentes como o mais competitivo. Lula se aproveitou de tudo isso e passou a negar os feitos de seu antecessor, alegando ter recebido dele uma “herança maldita”, quando na verdade havia recebido um presente divino. Ciente disso, e dos frutos que lhe traria essa “herança”, prometia ao povo o “espetáculo do crescimento” que ELE, Lula, iria proporcionar aos brasileiros.

E o crescimento ocorreu. E todos se surpreenderam com a rapidez dessa melhora e Lula passou aos olhos do povo de sindicalista, ignorante e boçal que sempre fora, ao grande estadista do Brasil, como passou a ser reconhecido aqui e lá fora, onde tinha escritórios pagos com o nosso dinheiro para promover os seus “grandes feitos”.

O tempo caminhou e mudanças surgiram. Surgiu o Mensalão (e Joaquim Barbosa) e os petistas foram desmascarados e presos como os maiores corruptos que o país já tivera. Surgiu o Petrolão (e Sérgio Moro) já no governo Dilma, a pupila de Lula, que como seu chefe também nunca soube de nada. Este, o Petrolão, é tão gigantesco na roubalheira, que transformou os integrantes do Mensalão em meros ladrões de galinhas.

Afastada pelo impeachment, por 180 dias, pelas pedaladas fiscais, mas na verdade, por muito mais, inclusive pelo rombo de 170,5 BILHÕES de reais nas contas públicas, D.Dilma põe a boca no mundo, aqui e lá fora, que é vítima de um “golpe” de Estado, enquanto pode viajar pelo país afora e até para fora dele com aviões a seu dispor, assessores etc. etc. e tudo pago com o nosso dinheiro, com o dinheiro de um país que ela deixou à míngua, para gritar que é vítima de um “golpe”. Pode? Isso é golpe? Para os petistas é.

Enquanto isso, o Presidente em exercício, Michel Temer, está comendo o pão que o diabo amassou, buscando os melhores Ministros, entre eles: Meirelles, Serra (e um que não deu certo, Romero Jucá), com os cofres vazios, as dívidas astronômicas e a urgência em pôr a casa em ordem para que o país volte a ter credibilidade e atraia investimentos estrangeiros para a casa não ruir de vez.

Não bastassem esses problemas gigantescos, Temer ainda tem de enfrentar artistas e “intelectuais” de esquerda em suas manifestações inapropriadas, assim como os demais petistas e seus aliados, mercenários e/ou fanáticos que, sem escrúpulos e violentos, também marca reconhecida desse partido, o chamam de “golpista” e saem às ruas atrapalhando o trânsito, colocando fogo em pneus nas ruas e estradas, e ameaçando até invadir sua residência em São Paulo, o que só não ocorreu graças à intervenção da polícia que tomou providências enérgicas como a intervenção da área de entorno.

Esses fatos são mais que suficientes para que se tenha a dimensão do problema que é de todos, e não só do Presidente em exercício Michel Temer, para dar um novo rumo ao país, como dar emprego ou reconduzir a ele àqueles que estão fora do mercado de trabalho, sanar as contas públicas e dar maior estabilidade econômica a um país em ruínas. E, talvez o mais problemático deles: controlar essa turba que luta em sentido contrário, não se importando com as consequências de seus atos.

Afinal, o que querem eles, realmente? São brasileiros mesmo ou estão a serviço de organizações externas que desejam dominar o país? Ou seria mesmo aquilo que é recorrente na voz do povo: “O que eles não querem mesmo é perder a boquinha”.

A vez do Juca


Preciso de um poema, hoje, para me auxiliar a descrever um momento difícil. Esse poema tem como título “Horário do fim”. É de Mia Couto, poeta e escritor de Moçambique, e sua diagramação iconicamente fica no limite da página. Por que será?

morre-se nada
quando chega a vez

é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos

morre-se tudo
quando não é o justo momento

e não é nunca
esse momento

Não sei como ele surgiu em minha tela do computador, hoje, quando procurava, na verdade, um outro texto. Uma outra coisa que me distanciasse do que naquele momento muito me entristecia. São os acasos. Eles existem. Eles existem, sim, embora sem explicações lógicas. E o título do poema anunciava o que eu não queria vivenciar de novo: a perda de mais um dos nossos bichinhos.

O poema não iria amenizar o que eu sentia diante da previsível e já anunciada perda tão próxima. O que me levou à sua leitura foi a coincidência. O momento de Juca estava já na nossa mente e naquela sensação de vazio tão vivenciada por nós quando eles se vão. A minha primeira reação à notícia foi rever as fotos de quando ele chegou. Tão pequeno, sujo e carente, mas com olhos tão meigos que logo nos conquistou a todos.

Não, eu não iria olhar as fotos. Não agora. Aquele nosso menino, ciumento, de pelo caramelo, longo e macio, se desenvolveu, transformou-se num belo cão e ganhou o carinho de todos. Foi muito amado. Foi também um atleta memorável. Participou de concursos de Agility, desfilou com figurinos para os Pets, e eu o via com paixão. Que gracinha!

Juca encantava também pela forte personalidade. Amigos eram a sua família, ou melhor, os seus “pais”; os outros, inimigos. Para eles, rosnava. Para os “pais”, era só carinho. Quantas alegrias, Juca! E quando à noite, já adormecidos, ele pulava na cama e se jogava sobre nós, “pais ou avós”, como se travesseiros fôssemos para ele. Não dá para esquecer!

Mas, agora, tudo isso ficou para trás.Os problemas da coluna surgiram, e o garoto que ia feliz pelas ruas deixou, aos poucos, de andar. Esses problemas começaram a atormentá-lo e os medicamentos passaram a fazer parte da rotina. A paralisia das patas, as sessões contínuas de acupuntura e fisioterapia, também. Os carrinhos especiais para levá-lo aos passeios foram necessários, e ele continuou acompanhando o mundo no entorno, mas não mais pelas próprias patas. Foram tempos difíceis, cada vez mais difíceis.

Agora, chegou o momento. É preciso, apesar da tristeza, cortar esse fio que o liga à vida, mas o liberta para um sono bom, sem medos e sem dores. E nós, que ficamos, estaremos ainda por muito tempo sentindo a sua ausência, com saudade, e com o mesmo carinho, achando também, como Mia Couto, que este momento nunca é justo, porque ele nunca deveria existir.

Mas ele existe. Oh! Sim. Ele existe. E como faz sofrer!

Um dia especial


Amanhã nos lares e nos restaurantes a família reunida comemora mais uma vez um dia considerado especial: o “Dia das Mães”. O comércio aguarda com ansiedade por ser esta data aquela em que o faturamento mais se eleva depois do Natal. E assim todos querem demonstrar por ela, nesse dia, seu carinho, sua gratidão. E as mensagens publicitárias se esmeram na produção de slogans que quase sempre resultam em embalagens vistosas ou caixinhas delicadas nas sacolas dos clientes que circulam pelos shoppings das cidades.

Certo? Errado? Não sei. Não sei se o carinho por alguém se mede pelas embalagens de grife ou por uma “lembrancinha” mais modesta, a depender da conta bancária de cada um. Acho eu que o amor por alguém não é sentimento comercializável. Menos ainda em relação às mães. Aprendi que amor não se compra e não se vende, se conquista. E se conquista ao longo do tempo. Diferente do amor à primeira vista, tão exaltado na literatura romântica, mas que nada mais é que uma atração física repentina e, muitas vezes, efêmera.

É o amor, me parece, um sentimento similar à amizade. É tão semelhante que, às vezes, se confundem e imperceptivelmente um pode se transformar no outro. Acontece. É quando uma relação afetiva amigável toma um rumo inesperado e surpreende até mesmo aos que nela estão envolvidos. Acontece. É também quando o amor envelhece e a união se mantém por outras razões distintas daquela que a motivou. É quando, pelo hábito, um necessita do outro e os traços de união, percebe-se, são apenas os ritos da amizade, nada mais.

Assim, o sentimento que une mãe e filho pertence a uma categoria singular. É difícil de explicar. Há uma reciprocidade inata, latente, visceral. É uma extensão corpórea da mãe para o feto/filho e, no campo do afeto, única. Mas na vida tudo é mutante. Aquela ligação inconsútil, inicial, aos poucos se esgarça e mais à frente pouco a pouco se rompe. Sem, contudo, ser esquecida totalmente. Mas o filho, já distante, sente menos essa separação. O que é necessário e benéfico para que seu caminho seja vivido com plenitude. Para ela, porém, basta que, de vez em quando, seu rosto se volte para trás e com um sorriso lhe faça um aceno com carinho.

Talvez, por isso, o “Dia das Mães” tenha sido criado: para que todos nós possamos pelo menos por um pouco de tempo, como Orfeu em relação à Eurídice, olhar para trás, para aquilo que foi um dia o nosso maior objeto de amor, mesmo ciente de que logo após o perderemos, de novo, na rotina cruel do dia a dia de cada um.


Os jogos de guerra da política


A política é o espaço onde as forças contrárias se utilizam das ferramentas mais sórdidas para derrotar ou, pelo menos, enfraquecer o inimigo. E isso se confirma a cada dia.

Hoje, 30/04/2016, uma nota bem discreta na pág. A12 do jornal O Estado de S. Paulo afirma que o ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso fora depor, ontem, à Polícia Federal sobre o caso da remessa ilegal de dinheiro para a jornalista Mirian Dutra ( uma relação extraconjugal) e seu filho Tomás Dutra, negando a acusação da jornalista, conforme seu advogado.

Verdade ou não, é um problema a ser solucionado pela PF. O que surpreende é saber também que Mirian Dutra, após a entrevista à Folha de S. Paulo em fevereiro, acusando FHC de um crime, agora no início deste mês, mas diante da Polícia Federal, negou tudo. O que houve com essa senhora? Não sabe o que diz ou foi paga para assim agir para denegrir a imagem do ex-Presidente?

Essa notícia me fez recordar o texto que em 23/02/16 enviei ao Fórum dos Leitores do Estadão e ali foi publicado, alertando para a possibilidade de Mirian estar agora a serviço dos opositores de FHC, o que parece confirmar as minhas suspeitas quando da denúncia, em fevereiro, da jornalista que dela se pode dizer: mercenária.

Vejamos o texto:

“Traição Premiada

O Sr. Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, veio a público por meio da TV informar que investigará o caso FHC quanto às declarações da jornalista Mirian Dutra de que o ex-Presidente lhe enviou dinheiro à Europa por meio da empresa Brasif. Que bom, Sr. Ministro! É bom investigar tudo, tudo mesmo, inclusive quem pagou, e quanto, pela ‘delação premiada’ da jornalista que, só agora, depois de tantos anos e de todas as benesses que ela e seu filho receberam do estadista, optou por dar entrevistas e delatar fatos tão antigos. Será que aí não tem as digitais das patinhas de Lula e do PT, não?”

Acho que acertei na mosca.

A hora é agora


Está de volta a Presidente Dilma.

Cumpriu apenas uma parte de suas ameaças de que iria denunciar, em seu discurso na ONU, o golpe em curso no Brasil para tirá-la do poder. Não o fez durante o evento na ONU, porque certamente a alertaram sobre a inadequação dessa fala naquele espaço, mas não deixou de fazê-lo nas entrevistas concedidas aos jornalistas de NY.

Golpe esse no mínimo estranho, segundo texto de Eliane Cantanhêde, jornalista do jornal O Estado de S. Paulo, em sua crônica nesta última semana, afirmando que a Presidente viajara para o exterior, deixando o Vice “golpista” em seu lugar e o mesmo lhe devolverá o poder quando retornar, enquanto aguarda dentro das leis vigentes o resultado do processo de impeachment.

Onde está o golpe? Apenas na mente dos petistas e daqueles a quem interessa a continuidade da desconstrução econômica, política e moral em que se encontra o nosso país.

Golpe, pela minha ótica, é querer novas eleições sob a alegação de que Michel Temer não tem condições morais (O PT falando em Moral?!!) de governar o país, sendo que pela nossa Constituição é o Vice quem assume a vaga em caso de impeachment do Presidente da República, no caso Dilma Roussef. E no momento, me parece, ninguém melhor para fazê-lo do que Temer, cujo histórico político e os contatos dos últimos dias, com figuras relevantes do cenário nacional, comprovam a sua competência para reunir os cacos em que se transformou a nação brasileira após a devassa promovida por Lula, Dilma e os "cumpanheiros"

Assim, apesar do “mi mi mi” dos governistas, a carruagem segue seu rumo e o país, em sua maioria, agradece.

Uma data singular


Será hoje o Dia D para a política em nosso país? Espero que sim.

Como aconteceu na 2ª. Guerra Mundial, poderemos hoje vencer o inimigo que nos últimos anos vem destruindo a nossa dignidade como país, e como seres pensantes capazes de discernir entre o certo e o errado. Ou será que seremos vencidos pelos votos daqueles que defendem o mandato de Dilma e desejam a continuidade de “tudo isso que está aí”, após vender a alma ao exu de Garanhuns, por muito mais que 30 moedas bíblicas?

Se isto ocorrer, será muito mais triste do que foi perder de 7X1 para a Alemanha, em 2014.

Penso, porém, que a data de hoje, 17 de abril, poderá se tornar para o nosso país um novo marco. O dia em que o país se livrou do jugo do PT, da “mulher sapiens” Dilma, e principalmente do farsante-mor Lula. Sem esse time, com suas jogadas diabólicas para se manter infinitamente no poder, teremos, certamente, um recomeço. Difícil, sim, mas um recomeço pleno de esperança por ações mais efetivas daqueles que, com competência política e administrativa, poderão mudar o rumo do país e, consequentemente, propiciar num futuro próximo, ainda que não imediato, dias melhores do que os que vivenciamos hoje.

A votação já está em curso na Câmara dos Deputados e daqui a algumas horas ela chegará a seu término. Não posso prever com exatidão o seu resultado porque serão necessários mais de dois terços dos votos para se chegar à vitória. E os seres humanos são, muitas vezes, imprevisíveis. Contudo, há a possibilidade, a esperança, o desejo, de que esta primeira e mais importante fase saia vencedora, pois sem ela não teremos a continuidade do processo.

Assim, neste domingo de sol intenso e dia claro, fui à Av. Paulista e me deparei com o verde e o amarelo predominando nas vestes das pessoas que por ali transitavam felizes, porque prenunciavam a vitória do Sim para o impeachment, e muitas ostentavam orgulhosas, como eu, a Bandeira do Brasil. Gente educada, polida, que apenas exercia em gestos quase silentes o seu direito de simbolicamente se manifestar. Uma bela imagem para se eternizar na memória.

Agora, longe do vaivém das pessoas na avenida, e no conforto de casa, da família e de Baby (meu cão que não é de esquerda, mas pode sim ser chamado de companheiro), acompanho pela TV o voto proferido pelos deputados que decidirá o nosso futuro e o das novas gerações. O meu desejo é que o SIM ultrapasse o NÃO para que voltemos a sonhar como em tempos idos. Para que possamos nos livrar deste engodo que foi a ascensão do PT ao posto mais elevado do país. Para que possamos ver ainda, quem sabe, o Sr. Lula e Da. Dilma a caminho de Curitiba para um cafezinho com o Juiz Sérgio Moro.

Um NÂO para Lula

Hoje, sábado de Aleluia, decidi enviar um pequeno texto para a coluna "Fórum dos Leitores" do jornal O Estado de S. Paulo. Não sei se ele será publicado amanhã na versão impressa ou virtual, ou, o que é mais provável, se ficará esquecido por lá em meio a milhares de outros escritos que os seus leitores, revoltados com a situação do país, encaminham a essa coluna para expor a sua indignação diante do quadro tenebroso que vivenciamos hoje pela reação inusitada dos atores políticos de esquerda, que se utilizam de uma retórica falaciosa e violenta, para nos calar e calar a lei pela força, buscando com esse gesto continuar blindando o gatuno-mor, Lula da Silva,o fanfarrão de Garanhuns.
Pelo sim, pelo não, transcrevo aqui o texto que gostaria que fosse publicado lá.

Um NÂO para Lula

O país está vivendo uma situação singular e perigosa. E, segundo a vontade de alguns que se acham acima de tudo e de todos, uma volta ao primitivismo, uma sujeição à lei do mais forte, conforme palavras do incendiário ex-presidente Lula nos últimos dias: "é guerra, é guerra, e quem tiver artilharia mais forte, ganha". Ora, ora, Sr. Lula, para nós que trabalhamos, pagamos impostos e desejamos um país democrático, que ofereça segurança a toda a população que age sob a égide das leis, e puna os que atuam contra ela, não pactuamos com a sua tese. Não, Sr. Lula! Não mesmo! Queremos a paz e a ordem. Queremos uma Justiça fortalecida e agindo com a celeridade necessária para colocar atrás das grades os que afrontam e desacatam autoridades, os que instigam seus comparsas e os menos esclarecidos à violência desenfreada para que possam dar continuidade à saga nefasta de saqueadores dos bens e da tranquilidade deste país, que é de todos e não apenas do PT.

A arrogância de Paulo Coelho


O excesso é sempre um risco. Seja para a saúde, seja para com os nossos sentimentos, seja para o uso que se faz da fala. Aprendi quando criança que “em boca fechada não entra mosquito”. Em tempos de Zika, então, é melhor ficar esperto.

Mas, brincadeiras à parte, é preciso falar, sim, expor as ideias, discuti-las, defendê-las... E, até onde sei, fazer críticas ao que se considera errôneo. Isso não é pecado nem crime. O erro está muitas vezes na forma, no excesso, na crítica infundada e facilmente contestável. Para evitar problemas, o bom senso não deve faltar no momento das avaliações e, me parece, que foi isso mesmo que faltou a Paulo Coelho, o escritor brasileiro que mais livros vendeu no mundo em sua nova e recente entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (se não me engano em 04/02/16), afirmando que o texto de James Joyce é vazio, não tem nada ali que importe: “se você disseca Ulisses, dá um tuíte”, foi o que ele disse, entre outras irresponsabilidades, em especial por ser ele um integrante da Academia de Letras do nosso país.

Não é a primeira vez que Coelho procura reduzir a pó a obra de Joyce, em suas declarações infantilizadas à mídia, em geral, e ao jornal acima citado, em especial. O que há com Paulo Coelho? Não se sabe, mas que ele odeia o outro é um fato. Será por que o irlandês James Joyce foi considerado o melhor escritor do século XX, e não ele Paulo Coelho? Sabe-se lá. Em uma outra entrevista, comparou a obra de Joyce aos livros que ele, Paulo, publica, colocando seus escritos em um patamar superior pelo fato de serem estes de fácil compreensão, enquanto os de Joyce... Então, vamos atirar às chamas a obra toda do nosso também complexo Guimarães Rosa, certo?

Ora...ora..., Sr. Paulo Coelho! Bem, talvez um dia os psicanalistas possam explicar essa esquizofrenia. Enquanto isso, fica para nós o mistério e o espanto.

Mas não foi essa atitude passiva que demonstrou o crítico inglês de literatura Stuart Kelly, do jornal londrino The Guardian, diante da fala do brasileiro, que assim se posicionou em seu blog:

“Coelho está, claro, autorizado a emitir sua opinião burra, assim como eu estou autorizado a achar o trabalho de Coelho um nauseabundo caldo de egomania e falso misticismo com o intelecto, empatia e destreza verbal de camembert vencido que ontem joguei fora.”

E ainda complementou com uma resposta dada por um pensador inglês, Samuel Johnson, a um crítico, no século XVIII:
“Uma mosca pode picar um cavalo, mas o cavalo continua a ser um cavalo, e a mosca não mais que uma mosca.”

Paulo Coelho, a mosca, poderia evitar tudo isso se mantivesse a boca fechada. Mas, não, quis de novo esnobar criticando quem tem o domínio da palavra e deu Zika na história.

As cinzas depois do Carnaval


Fevereiro tem Carnaval? Tem, sim, senhor! E nada muda entre nós.

Apesar dos pesares, o brasileiro procura, nesta festa pagã, comemorar a alegria e esquecer os problemas que o afligiram durante todo o ano com a cerveja gelada na mão e o corpo em movimentação rítmica alucinada, embalado pelas marchinhas carnavalescas do presente e do passado. Depois, tudo termina. Depois, vêm as Cinzas.

Alguns, menos adeptos da folia, vão curtir esses feriados em locais mais tranquilos, mais afastados dos grandes centros urbanos onde a agitação é intensa. Faço parte desta gente estranha que, em pleno Carnaval, procura um refúgio silencioso e não liga a TV para assistir a desfiles de fantasias e de mascarados. Não tenho o menor prazer por essa mesmice colorida de penas e pedrarias. Aproveito para assistir pela Netflix, às vezes, a algum filme interessante, como os últimos que vi e revi: “O melhor lance” ou “Jogo da imitação”, filmes que nos revelam a capacidade de alguns cineastas de transformar os conflitos existenciais em arte de deleite superior. Seja pela imprevisibilidade narrativa, seja pela fotografia, seja pela trilha sonora ou pela delicadeza com que toca as fragilidades humanas. Filmes que, quando sinalizam o final, já despertam em nós o desejo de revê-los.

Aproveitei, também, estes dias de preguiça alongada para ler um novo livro de Marcel Proust, Salões de Paris, presente delicado de um amigo, ambos muito especiais, sendo a obra pelo refinamento da edição em preto e dourado, com detalhes gráficos que apontam para o requinte da “Belle Époque”na França, editado pela Carambaia; e o amigo, pela singular escolha de uma obra preciosa, uma joia literária, e de um autor de poucos leitores, mas deslumbrados como eu que leio e releio Proust, mas parece que não saio do lugar. O seu texto imagético não me deixa caminhar célere pelas páginas. Paro para reler as frases. Paro para anotar algumas delas. Paro para visualizar melhor a descrição poética dos ambientes. E é impossível resistir, aqui, ao desejo de transcrever um trechinho da última página sobre a comparação realizada por Proust entre o luar e o hermetismo, a obscuridade mesmo, dos versos de alguns poetas “o luar (...) embora reluza tão docemente sobre todos (...) há muitos séculos faz luz com a obscuridade e toca flauta com o silêncio”. Não é lindo?! É Proust!

Mas como nem tudo se pode eternizar, as leituras, os filmes ou a folia serão substituídos pelo retorno aos dias agitados de ter de conciliar o trabalho (para os que os têm, hoje) com os outros afazeres e os demais problemas do dia a dia. Tudo isso chega mais rápido do que se desejaria. E sem muito ânimo acordamos na quarta-feira de cinzas, que para os que professam a religião católica dá início à tragédia vivenciada por Cristo, e recomeçamos a nossa tragédia diária particular de ter de encarar os descalabros políticos que nos trouxeram o desemprego e, com ele, o desamparo das famílias, a impossibilidade de vencer as barreiras e o desespero de sentir-se impotente diante dos obstáculos que a falta de trabalho acarreta, sendo o mais grave deles a sensação da perda da dignidade. E muitos já vivenciaram esse sentimento. Hoje, contudo, muitos mais o experimentam aturdidos.

Que medidas drásticas sejam tomadas para que o quadro político seja alterado e possamos outra vez acreditar no futuro do país e em dias melhores que os que presenciamos, e vivenciamos atualmente, sob o manto vermelho da corrupção e do político de “alma mais pura do País”, o Sr. Lula da Silva, o ex-presidente, que nunca deixou de sê-lo, que nunca soube de nada, nunca roubou nada e não é dono de nada, nem do tríplex do Guarujá, nem do sítio de Atibaia, nem do que mais virá por aí. É tudo invenção da mídia e perseguição dos opositores.

Que a Semana Santa seja virtuosa para nós e coloque definitivamente a cruz pesada que carregamos hoje (com a inflação elevada, o dólar nas alturas, as empresas estatais e o caixa do governo arrombados, e outras questões infernais), nas costas de quem realmente deve carregá-la. E o juiz Sérgio Moro sabe melhor do que todos quem é esse cara. É Lula, claro! E ele deve fazer essa peregrinação. Aliás, já começou. Ele a merece.

Mas para isso é preciso torcer para que os deuses protejam Sérgio Moro. Vamos orar por ele!



Inércia semovente


Há instantes em que nada se move.
O que foi ficou nas distâncias
e deixou apenas um vazio silente.

Mas devagar, bem devagar...
uma movimentação se faz sentir.
Chega ocupando velhos lugares e,
com vibrações imperceptíveis,
atenua o vigor das ausências.

Contudo, outras virão e outras...
e outras mais.
Mas, antes que elas se somem
à mudez infinita dos tempos:
É preciso viver o instante.




Frases memoráveis para iniciar 2016


1_ “Pagar mais impostos para o governo é o mesmo que aumentar a mesada de um filho que gasta com drogas.” (Leandro Karnal)

Essa fala muito verdadeira no momento político que vivemos foi lembrada por José Carlos Alves, no “Fórum dos Leitores” do Estadão, de 03/01/16, e complementada ainda por uma informação também memorável:

“Magnífica observação do historiador político Leandro Karnal, ao divulgar que Dilma prega corte de gastos, mas levou comitiva de 900 assessores a Paris e hospedou-se em hotel de luxo. Presidente sem noção!”

Esse leitor é genial! Não quero esquecer seu nome: José Carlos Alves.


2 – “Na pós-modernidade, a velocidade nos viciou. Tudo tem de ser veloz porque a concentração das pessoas não passa de alguns minutos. Como consequência, as pessoas não se interessam mais por relacionamentos profundos, e se acostumam com a superficialidade.”(Nataniel dos Santos Gama – UFRJ))

Será que isso nos levará a um futuro melhor? A mim, não parece.


3 - “A terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância? Ou uma questão de grande nostalgia? O inalcançável é sempre azul.” (Clarice Lispector)

“Entre um instante e outro, entre o passado e as névoas do futuro, a vaguidão branca do intervalo.” (Clarice Lispector)

As cores em Clarice ganham sinestesia, ou seja, significância barthesiana.


4 – “Houve muitos momentos em minha vida de tanta beleza que eu disse para mim mesmo: ‘Valeu a pena eu ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento’. Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida.” (Rubem Alves)

“A vida não é uma sonata que, para realizar sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira.” (Rubem Alves)

Proferida por esse autor, qualquer frase, qualquer palavra, justifica a beleza da literatura.

A cor

(Para Flávio Luiz Porto e Silva)

Longo é o percurso
Difícil a trajetória.
A paisagem, contudo,
Pode dar cor ao entorno.