O declínio de uma farsa


Para um conhecedor médio da História Universal, não surpreendem as notícias do declínio de um sistema político, de um poder monárquico ou de um regime autoritário, em geral permeado de farsas, sejam eles próximos ou distantes de nós no espaço ou no tempo. Tudo pode sofrer mutações, pois nada (e ninguém) é eterno. Parece ser uma verdade inquestionável. Tenho um pequeno poema que diz: “Tudo é fugaz/ Tudo se desfaz”. E nele acredito.

Neste último dia 20, quinta-feira, as TVs brasileiras e todas as demais mídias publicaram, logo pela manhã, o passamento de uma figura de grande projeção nacional, talvez um dos mais brilhantes e reverenciados juristas da atualidade, Márcio Thomaz Bastos. E também, dizem as más línguas, o mais caro do país. O que não impediu, contudo, que advogasse em defesa dos bandidos, os mais renomados, que vivem hoje em solo brasileiro, assim como os políticos megainfratores.

Márcio Thomaz Bastos foi Ministro da Justiça do governo Lula e dele não mais se afastou, prestando serviços de alto nível, e com a maior competência, ainda que nos bastidores, aos políticos do PT, haja vista o tumultuado processo do Mensalão, em que atuou como coordenador da defesa dos réus petistas. Não fosse a sua habilidade em descobrir brechas na lei, estariam eles ainda hoje, e por muito mais tempo, cumprindo pena na Papuda, em regime fechado e não em casa, junto aos familiares, como se nada tivessem a ver com as fraudes ali cometidas e apontadas pelo relator e ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, e comprovadas pelas buscas incessantes dos que participaram corajosamente desse processo.

Foi um grande nome na área jurídica, é verdade. Mas é verdade, também, que no mesmo nível em que serviu ao PT do Lula, desde 2003, e dele ganhou vultosas quantias para salvar a pele dos políticos envolvidos nos crimes de Lesa Pátria e, principalmente a do chefe maior: o senhor Lula da Silva, ele prestou um desserviço à nação brasileira por auxiliar, com a sua incomum capacidade cognitiva, a encobrir os corruptos que, com o dinheiro do povo, multiplicaram milhares de vezes a fortuna adquirida nestes tempos de vacas gordas, enquanto fragilizavam as instituições do país, como é o caso emblemático da Petrobrás: antes de Lula e Dilma, o orgulho da nação; depois de Lula e de novo Dilma, a vergonha do Brasil.

Assim, a área jurídica brasileira perdeu nesta semana um jurista de peso, e o PT um forte aliado que dava cobertura a todas as suas ações nefastas, mas o país ganhou pelo menos a esperança de que dias melhores virão porque, envolvido como se encontra o governo federal na roubalheira sem fim da estatal Petrobrás, ficou mais fragilizada, pois não encontrará tão cedo um defensor de seus atos como ele, que tão bem conhecia a rotina da criminosa trajetória petista. Se assim não fosse, não teríamos, no jornal O Estado de S. Paulo, uma notinha sobre a morte de Thomaz Bastos, seguida da informação de que o famoso jurista deixou uma obra que, no futuro, estará nas bibliotecas do país: Diário do governo Lula.

Essa obra deve conter relatos tenebrosos e desmascarar ainda mais a farsa deste governo que caminha célere para o declínio; porém, por precaução, a pedido do próprio Márcio Thomaz Bastos (certamente para proteger seus familiares), ela só poderá ser publicada 50 anos após sua morte. Ou seja, em 2064. Que pena! Que pena! Muitos de nós não viveremos até lá.


O passar da noite



No silêncio das ruas escuras
A noite passa assustada
Vê figuras
Vê fantasmas
Só não vê lá nas alturas
A vigilante lua prateada

Sedução



As minhas palavras fingem
Abrir seus olhos

As suas palavras buscam
Fechar os meus