Uma pausa para essa loucura

Que vivemos em um mundo caótico ninguém tem dúvida. Os fatos registrados pela mídia diariamente nos confirmam isso. Daqui ou de fora, as notícias se mostram sempre perturbadoras. São os refugiados para os quais ninguém encontra uma solução decente e humanitária; são os ataques terroristas que parecem não ter fim; são os valores numéricos de dinheiro público desviado por políticos brasileiros para contas particulares que parecem surreais. São cifras impensadas se as colocarmos em tempos pretéritos, pois embora sempre se dissesse que os políticos eram, em sua maioria, desonestos nunca se ouviu falar em quantias tão vultosas como milhões de reais, ou até milhões de dólares, no caso dos mais vorazes, como agora. Ou seriam bilhões? Não sei se estou atualizada, não.

E que mundo é este onde, em nosso país, mesmo com esses assaltos recentes aos bancos e às empresas estatais que esfarelaram nossa Economia - fatos expostos e confirmados -, nos deparamos com pessoas que defendem os responsáveis por essas práticas criminosas por dizerem não acreditar nelas ou, o que é pior, por afirmarem que eles assim agiam para proteger a classe mais necessitada do país, os desprotegidos, os esquecidos pelos governantes anteriores? Raciocínio esse que só pode nos deixar perplexos!

Sabemos que a ignorância apresenta um elevado nível em nosso país e essa distorção educacional produzida por escolas e mestres que colocam fora dos espaços escolares alunos, com um diploma na mão e um vácuo de conhecimentos na mente, só poderia resultar nesse tipo de seres incapazes de um discernimento claro das questões que envolvem o seu entorno. E estes são facilmente manipuláveis por aqueles que, com um forte propósito ideológico, vão pouco a pouco minando a mente dos que os cercam, transformando-os em seres autômatos que se transformam em multiplicadores de ideias retrógradas, repetindo a outros, à exaustão, as expressões com que foram doutrinados. E, assim, tornam-se legiões.

Por isso, tantos desentendimentos entre amigos e familiares, tantos ferrenhos defensores hoje de práticas que no passado eles mesmos consideravam indefensáveis. É o fanatismo ideológico, uma doença ou uma loucura que anula a competência racional, que obstrui a visão do real e em seu lugar coloca o ideal fabricado, a imagem idealizada, uma fantasia malévola cujo objetivo é exatamente esse: mascarar a realidade. E a história remota ou recente tem inúmeros exemplos para elucidar essa questão. Temos, entre eles, as forças mortíferas de Hitler e Stalin, temos ainda hoje os não menos impiedosos ditadores da Ásia, da África, do Oriente Médio e da América Latina. Temos os adeptos suicidas do Estado Islâmico...

Será que isso não basta? Parece que não. As pessoas sempre acham que o seu ídolo é diferente. Que as suas motivações são plausíveis. Acham, por exemplo, que o ex-presidente Lula (segundo ele mesmo “a alma mais honesta deste país”), e sua família, não cometeram nenhum crime. É perseguição política o que se diz, é intriga das elites, é inveja porque um pobre chegou ao mais alto posto do país, e outras bobagens mais. Quanto ao enriquecimento da família Lula da Silva, os seus seguidores não acreditam nesse “absurdo”, ou se calam, ou mudam de assunto quando neste se toca.

Contudo, Moro e sua equipe, as formiguinhas de Curitiba, trabalham 24 horas ininterruptamente, nos parece, e estão empenhados realmente em trazer à luz todos os detalhes dessa prodigiosa família que em tão pouco tempo amealhou uma fortuna tão grande, mas tão grande, de fazer inveja mesmo, tudo indica, a um outro falastrão que agora quis enveredar pelo mundo da política, o candidato norte-americano à Presidência da República Donald Trump.

A biografia deles é muito diferente, mas ambos amam o dinheiro acima de tudo e são boçais, e isso os torna similares. A diferença é que Trump estudou e trabalhou com o pai, um empresário, e com ele aprendeu as técnicas para gerir depois as empresas e enriquecer cada vez mais, ao longo da vida, com a sua ousadia e competência empreendedora. Lula, não. Ele não teve a mesma formação e nunca valorizou o estudo. Foi sindicalista e arruaceiro de porta de fábrica e, na ditadura, para receber as benesses do DOPS, “entregava” aos militares os colegas militantes. Não teve pai empresário, mas juntou-se a eles para fazer fortuna (Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS...) e, pelo que já se apurou, o gatuno de Garanhuns, tal como Trump, também descobriu o caminho do ouro.

Não sei, não, mas algo me diz que Trump não ocupará a Casa Branca, e que Lula logo mais terá de se mudar; não mais, porém, para o apartamento na praia ou para o sítio em Ibiúna, nem para o Palácio da Alvorada, tampouco, mas para o “recanto dos puros”, ali mesmo em Curitiba.