Fechar as janelas?



Não. Não quero fechar as janelas
que deixam entrar o sol
a luz
 e a vida em ebulição.

Quero o espetáculo urbano festivo
o brilho quente do asfalto
com os trêmulos cristais saltitantes
pelos densos pingos de chuva.

Chuva de verão que tudo invade
com força e violência é verdade
mas se afasta leve e frágil
e aos poucos por fim se esvai.

E os prédios lívidos e límpidos 
ressurgem 
nas alturas
como que purificados.

E em sua altivez modelar 
arquitetônica 
parecem nos convidar
a esquecer o céu nublado
e os ventos enlouquecidos,

como se nos dissessem em segredo:
as chuvas sempre se vão
o sol retoma seu brilho
e a vida segue seu curso.

Cada dia é um recomeço.

O teatro do absurdo



Nesta semana que se findou, o espaço que mais atraiu a nossa atenção foi o Supremo Tribunal Federal-STF com o espetáculo meio circense, meio farsante, encenado por Suas Excelências, os Ministros ali presentes, precedido dias antes pelo duelo verbal de quinta categoria travado entre os togados Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. Quem diria?

Vários escritores já se lamentaram por viver em tempos difíceis, como Cícero, expondo nas Catilinárias, seu clamor na tribuna do senado romano “Oh Tempora! Oh mores!”. Ou seja: Ó tempos! Ó costumes! Pela decadência dos tribunos à época. Mas nada se compara ao que se vem assistindo nos últimos tempos e, em especial, nestes últimos dias no STF, quanto à postura e à linguagem dos integrantes da mais alta Corte do país. É deprimente, para dizer o mínimo, acompanharmos pela TV o desrespeito e a falta de ética entre os ministros, e a desfaçatez referente às expectativas da população quanto à seriedade de seus atos.

E para todos nós que assistimos ao indevido julgamento do Habeas Corpus de Lula, realizado a fórceps, no dia 22/04, ficou muito claro que ele nada mais foi que uma peça de mau gosto, encenada por atores de baixo nível, com propósitos vis, entre eles o objetivo perverso de postergar “ad infinitum” a possibilidade de prisão do crápula que trouxe a maior infelicidade para o país, após quase esvaziar os cofres públicos e submeter a nação à desordem e ao retrocesso, em que ainda vivemos hoje.

E o mais triste é que há os que acreditam que Lula é inocente, é um perseguido político, e que os vultosos valores pagos à legião de advogados milionários que para ele trabalham, são pagos com recursos lícitos, oriundos da sua aposentadoria como ex- Presidente da República.

Quanta miopia! Quanta ignorância!


Ausência



Há na inquietude da espera
um vazio de distâncias:
o suspense de uma ausência

Sensações de fim de tarde?

Em meu livro entreaberto
O título anuncia:
O resto é silêncio.

Novos cursos nas universidades?




"Seriedade no ensino

Muito se tem falado sobre a penúria das escolas brasileiras e das acentuadas lacunas do saber ali ministrado e, consequentemente, da necessidade de uma efetiva mobilização na busca de um salto qualitativo no ensino do país. É, sem dúvida, um grave problema a ser enfrentado com seriedade pelos governantes, pelas escolas públicas e privadas de todos os níveis, e que deveria ser incentivado por toda a sociedade. Sem essa postura, buscando elevar o nível de conhecimento de crianças e jovens para torná-los aptos a desenvolver as aptidões que deles serão cobradas neste século, já denominado pós-digital, o país não sairá da classificação negativa em que se colocou nestes últimos anos, e que terá continuidade se as universidades priorizarem cursos sem nenhuma relevância em detrimento do que é essencial. Contudo, o tempo não espera. As escolas precisam ser ágeis e implantar projetos que incentivem os estudantes a estudar com afinco, a se interessar por leituras e pelo conhecimento científico, e disso se orgulhar. Assim pensam e agem os estudantes dos países mais evoluídos. E os nossos, como serão eles amanhã?"


Este foi um texto que acabei de redigir e enviei para o "Fórum dos Leitores", do jornal O Estado de S. Paulo. Será publicado no domingo? Não sei, mas gostaria.

Gostaria que lessem o que penso sobre o que é essencial na Educação e não essa bobagem de cunho ideológico que a esquerda quer impor, agora, aos jovens que, depois de tanto esforço, conseguem uma vaga em uma universidade pública, pensando em ali adquirir o conhecimento necessário para enfrentar as dificuldades que este mundo, que se transforma velozmente, vai exigir deles após a conclusão do curso. Esses jovens vão plenos de sonhos, certos de que  as portas se abrirão a eles pelo saber conquistado nesses centros de saber, o que os diferenciará dos demais.

Não sabem eles, porém, que a esquerda vem dominando esses espaços já há algum tempo e eles hoje não são os mesmos que os seus pais frequentaram no passado. Tudo mudou. E não foi para melhor. Só o fato de desejarem criar um curso que tenha como base o impeachment ou o  "golpe", como é repetido pelos defensores da ex-Presidente Dilma, já podemos visualizar o atual panorama em que serão inseridos esses estudantes, e a dúvida em relação ao conhecimento que ali poderão acumular e que determinará o futuro pessoal e profissional de cada um.

Não fui muito explícita em meu texto, para o jornal, por ser o fato bastante conhecido do público, mas deixei claro que o importante é não se perder tempo com frivolidades e remodelar o ensino com o que é realmente essencial ao desenvolvimento intelectual dos nossos jovens. É disso apenas que precisamos hoje, me parece.