Não. Não quero fechar as janelas
que deixam entrar o sol
a luz
e a vida em ebulição.
Quero o espetáculo urbano festivo
o brilho quente do asfalto
com os trêmulos cristais saltitantes
pelos densos pingos de chuva.
Chuva de verão que tudo invade
com força e violência é verdade
mas se afasta leve e frágil
e aos poucos por fim se esvai.
E os prédios lívidos e límpidos
ressurgem
nas alturas
como que purificados.
E em sua altivez modelar
arquitetônica
parecem nos convidar
a esquecer o céu nublado
e os ventos enlouquecidos,
como se nos dissessem em segredo:
as chuvas sempre se vão
o sol retoma seu brilho
e a vida segue seu curso.
Cada dia é um recomeço.
Em dias complexos, do ponto de vista politico-econômico, cai muito bem um belo poema como uma janela que permite a entrada da esperança.
ResponderExcluirSim, Elenice. Os dias têm sido tão sombrios que necessitamos de um abrigo na subjetividade. Obrigada, beijos.
ExcluirGostei muito, Neiva. Na veia da esperança poética. Abraços, jb
ResponderExcluirObrigada, Joaquim. Às vezes, ela é o único refúgio possível. Muito grata e o meu abraço.
ExcluirA limpeza deixada pela chuva que "invade" e "por fim se esvai" combina-se com a esperança que entra pelas janelas abertas. Nem que seja até as próximas pancadas de verão... Obrigada, Neiva, por nos presentear com sua criação de excelente qualidade!
ResponderExcluirObrigada, Anna, minha querida amiga. As tormentas, como as ondas, vêm e vão, sabemos. E como sabemos! O difícil, às vezes, é contorná-las. Mas é preciso tentar. É preciso resistir.
ResponderExcluirUm beijo, com saudade.