"Que querem os brasileiros?"

Este mês de julho foi muito gratificante mesmo, para mim, porque ainda no último dia dele, hoje, 31/07/17, O jornal O Estado de S. Paulo publicou  no Fórum dos Leitores mais um texto meu "Que querem os brasileiros?

Nesse breve texto, comento o resultado das pesquisas de opinião sobre o governo Temer, que revelam  a sua baixa aprovação pelos brasileiros, e questiono o que desejam eles com a sua rejeição a quem está procurando nos tirar do abismo de que estamos tão próximos.

A seguir, a publicação mencionada:

"Que querem os brasileiros?

"Sustentar Temer é suicídio político", afirma o senador Jorge Viana (PT-AC), a respeito  da baixa popularidade do Presidente da República. Será mesmo? Será que amanhã não teremos um outro olhar sobre a postura e a trajetória política de Michel Temer, ao tentar consertar o rombo deixado pelos governos Lula e Dilma Rousseff, e diante da ira ferrenha  dos seus militantes? Senão, como explicar o paradoxo observado neste governo, em que sua popularidade despenca, mas o desemprego começa a diminuir, a Bolsa de Valores sobe e o dólar cai? Tem de haver algum equívoco nessas pequisas, é o que me parece. Vamos dar um voto de confiança ao presidente Temer e deixá-lo trabalhar. Ou será que o País quer mesmo a jararaca de volta?"

Neste sucinto comentário, coloco a minha indignação diante da postura assumida por eleitores e políticos que, indiferentes ao que virá depois, lutam com afinco pela derrubada do Presidente Temer, como se fosse ele o responsável pela miséria que assola o país e não os governos petistas que o antecederam.

Isso me lembra  a Inglaterra na década de 80, do século passado, quando a Primeira Ministra  Margareth Thatcher, conhecida como a "Dama de Ferro", que tinha o mesmo índice de popularidade de Temer, hoje, reergueu a Economia do país, impedindo que os ingleses sofressem o que nós, brasileiros, vivenciamos na atualidade: o desemprego e a desesperança. 

  

Julho no "Estadão"


Em férias, redigi três textos para o Fórum dos Leitores, do jornal O Estado de S. Paulo, e os três foram publicados nos dias 03/0717, “O silêncio das ruas”, já postado aqui; “Que peninha!” (cujo título foi suprimido na publicação), em 21/07/17 e “O Brasil ainda tem jeito”, em 26/07/17.

 É gratificante perceber que entre tantos textos enviados por não sei quantos leitores, os jornalistas escolhem o nosso. Gratificante porque o meu universo é o das palavras e vê-las ao alcance dos demais “não tem preço”, repetindo um estereótipo publicitário.

Decidi, então, transcrevê-las aqui, ciente de que nem todos os meus amigos assinam o “Estadão” e a alguns já peço desculpas por saber que pensam diferente de mim, o que não me desagrada porque sou a favor de regimes democráticos e estes permitem, sim, o pensamento divergente.

 A seguir, os textos publicados:
Que peninha!

Que peninha! Os petistas estão muito sensibilizados com o bloqueio de alguns bens da alma mais pura do País, o que lhe causará, segundo eles, “asfixia econômica”. Mas não se sentiram nem um pouco incomodados com a asfixia econômica dos 14 milhões de desempregados pelo assalto aos cofres públicos cometido pelo Sr. Lula e comparsas. O que houve, companheiros?

 O Brasil ainda tem jeito?

O nosso país tem jeito, sim. Se lermos o artigo Um caso de cura de nossa doença, de Fernão Lara Mesquita (25/7, A2), poderemos visualizar a saída. Basta seguir o modelo norte-americano implantado pelo presidente Theodore Roosevelt, que teve início em 1902 com a inserção dos direitos de iniciativa e referendo na Constituição dos EUA. Dali em diante o projeto foi sendo moldado aos desejos dos eleitores e em 1911 foi incorporado o recall dos governantes, de funcionários públicos em geral e até mesmo de juízes, em caso de condutas indevidas. Pôs-se um ponto final nas mordomias nefastas da estabilidade do emprego público e dos mandatos políticos. Com essas mesmas medidas o Brasil acabaria com a má administração da res publica, com os conchavos e escoadouros do dinheiro do povo e, assim, poderia voltar de uma vez por todas aos trilhos. Talvez até se tornasse, amanhã, uma cópia do que ocorreu nos EUA depois dessas reformas saneadoras. Segundo Fernão Mesquita, tudo isso “reduziu drasticamente a corrupção e fez dos norte-americanos o povo mais rico e livre da História da humanidade.”


Por que ler Roland Barthes?



Tenho por hábito ler obras de novos autores com competência literária e sensibilidade. Assim, me atualizo e, muitas vezes, descubro excelentes obras, sejam elas de ficção, de poesia ou mesmo de ensaios, que abrem meus olhos para novas paisagens literárias. E, então, passam eles a fazer parte da minha rotina de leituras, e estas procuro compartilhar com meus alunos, buscando sempre incentivá-los a mergulhar nesse universo livresco, muitas vezes esquecido hoje pelas novas gerações.
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Contudo, entre essas novidades insiro ainda os autores de que mais gosto e retomo leituras efetuadas em tempos pretéritos para que não se apaguem de minha memória passagens de importância elevada, tanto do mundo das ideias quanto da criatividade estética ou ficcional.

Acabei de ler duas obras de Elio Vittorini Sardenha como uma infância, uma pintura poética e delicada das paisagens em fragmentos que encantam o leitor, e Homens e Não, que retrata o nazifascismo e a brutalidade sem limites desse período em que o personagem Ene 2,luta pela dignidade dos homens, pela liberdade de ser e, ainda, pelo sonho de um amor intenso, quase impossível, que a guerra interrompeu.

Neste semestre, com mais tempo livre pela diminuição “compulsória” de minhas aulas, li (ou reli) Proust (Os salões de Paris); Borges, Mia Couto; Valter Hugo Mãe; Cecília Meireles; Emily Dickinson; Le Clézio; Écrire, de Marguerite Duras; Enclausurado de Ian McEwan (e não gostei); Oscar Wilde e outros e outros e outros. E, também, Roland Barthes. Dele, não só reli O Prazer do texto e Barthes por Barthes, mas estou lendo a coleção Inéditos (volume 4 – Política). Dessa coleção, adquirida há pouco tempo, li recentemente A preparação do romance.

Bem, Barthes é Barthes e, com seus escritos ecléticos, seus textos sempre inaugurais, não cansa nunca o leitor. A escritura barthesiana seduz ao revelar um formato singular de dizer e de encantar, com palavras outras, aquilo que se eternizou pelo estereótipo. A fuga do estereótipo é sua preocupação maior. Por isso, seus textos são imprescindíveis àqueles que buscam a exposição de uma fala que se quer distanciada do lugar comum. E é por isso, talvez, para não me esquecer de seus ensinamentos por meio de deslocamentos linguísticos, que os seus livros em minhas estantes, ou em meu quarto, flertam comigo, estão sempre à vista e ao alcance de minhas mãos.

Ler Roland Barthes nos leva a refletir sobre o universo plural das palavras, a conhecer uma possibilidade quase infinita de combinações linguísticas, poéticas, que farão com que o texto se torne puro desejo, “uma blusa semiaberta” por onde sempre se busca ver algo mais.


"O silêncio das ruas"

O jornal O Estado de S. Paulo é, de longa data,o meu preferido. Gosto da diagramação, dos editoriais e de seus colunistas. Ele é meu companheiro no café da manhã. É por ele, essencialmente, mas não só, que me oriento política e culturalmente em pequenas, porém substanciais, doses diárias. Quando criança eu me deliciava com os enormes cartazes dos filmes que ali eram postados como um chamariz para a lotação dos cinemas; hoje, me seduz o nível de expressão e de conteúdo de seus textos.
Por isso, às vezes, ganho coragem e redijo algum comentário sobre a nossa "nobre política" e o envio para o "Fórum dos Leitores" desse importante jornal e felizmente, também às vezes, esses pequenos textos são publicados na edição impressa ou virtual, o que alegra o meu dia.
Hoje, 03/07, pela manhã, ao abrir o Estadão, me deparei com a publicação do meu comentário que transcrevo a seguir:

O silêncio das ruas

Por se tratar de uma greve geral contra o presidente Michel Temer e contra as necessárias reformas propostas por ele, em especial a trabalhista, não se viu o que o PT e os sindicalistas esperavam ao promovê-la para o último dia 30. Motivados por pesquisas sobre as próximas eleições, que não se sabe se isentas de interferências partidárias, e alucinados por invalidar os esforços do governo atual, ou seja, enfraquecer Temer para revitalizar as ideias petistas e tentar trazer Lula de volta em 2018, tudo fizeram aos gritos de "fora Temer" e "não às propostas" deste governo. Contudo as pessoas de bem, sem compromisso com esse partido e mais esclarecidas politicamente não fizeram coro com os "vermelhinhos", pois sabem diferenciar o que querem eles do que precisamos nós, brasileiros. Assim, seus gritos nas ruas não conseguiram sobrepor-se ao silêncio dos que em casa nem se interessaram, desta vez, pelas imagens tão gastas, tão recorrentes e tão tendenciosas, em especial da mídia mais badalada do país.