Tenho por hábito ler obras de novos autores com competência
literária e sensibilidade. Assim, me atualizo e, muitas vezes, descubro
excelentes obras, sejam elas de ficção, de poesia ou mesmo de ensaios, que
abrem meus olhos para novas paisagens literárias. E, então, passam eles a fazer
parte da minha rotina de leituras, e estas procuro compartilhar com meus alunos,
buscando sempre incentivá-los a mergulhar nesse universo livresco, muitas vezes
esquecido hoje pelas novas gerações.
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Contudo, entre essas novidades insiro ainda os autores de
que mais gosto e retomo leituras efetuadas em tempos pretéritos para que não se
apaguem de minha memória passagens de importância elevada, tanto do mundo das
ideias quanto da criatividade estética ou ficcional.
Acabei de ler duas obras de Elio Vittorini Sardenha como uma infância, uma pintura
poética e delicada das paisagens em fragmentos que encantam o leitor, e Homens e Não, que retrata o nazifascismo
e a brutalidade sem limites desse período em que o personagem Ene 2,luta pela
dignidade dos homens, pela liberdade de ser e, ainda, pelo sonho de um amor intenso,
quase impossível, que a guerra interrompeu.
Neste semestre, com mais tempo livre pela diminuição “compulsória”
de minhas aulas, li (ou reli) Proust (Os
salões de Paris); Borges, Mia Couto; Valter Hugo Mãe; Cecília Meireles; Emily
Dickinson; Le Clézio; Écrire, de Marguerite
Duras; Enclausurado de Ian McEwan (e
não gostei); Oscar Wilde e outros e outros e outros. E, também, Roland Barthes.
Dele, não só reli O Prazer do texto e
Barthes por Barthes, mas estou lendo
a coleção Inéditos (volume 4 – Política).
Dessa coleção, adquirida há pouco tempo, li recentemente A preparação do romance.
Bem, Barthes é Barthes e, com seus escritos ecléticos, seus
textos sempre inaugurais, não cansa nunca o leitor. A escritura barthesiana
seduz ao revelar um formato singular de dizer e de encantar, com palavras
outras, aquilo que se eternizou pelo estereótipo. A fuga do estereótipo é sua
preocupação maior. Por isso, seus textos são imprescindíveis àqueles que buscam
a exposição de uma fala que se quer distanciada do lugar comum. E é por isso,
talvez, para não me esquecer de seus ensinamentos por meio de deslocamentos
linguísticos, que os seus livros em minhas estantes, ou em meu quarto, flertam
comigo, estão sempre à vista e ao alcance de minhas mãos.
Ler Roland Barthes nos leva a refletir sobre o universo
plural das palavras, a conhecer uma possibilidade quase infinita de combinações
linguísticas, poéticas, que farão com que o texto se torne puro desejo, “uma blusa
semiaberta” por onde sempre se busca ver algo mais.
Os textos de Neiva Pitta Kadota são sempre muito bons e fico feliz que possa se dedicar mais à leitura e escritura de textos. Grande abraço, jb
ResponderExcluirDuplamente feliz fico eu, Joaquim, em tê-lo como meu leitor. O meu abraço.
ExcluirTexto mais do que instrutivo, serve de bússola para buscarmos novas leituras e bons autores!
ResponderExcluirObrigada pela confiança em mim, Mara! Obrigada, também, pelas palavras tão gentis. Um grande abraço.
ExcluirFofinha... preciso reler Barthes para sentir o botão aberto na blusa...
ResponderExcluirQue bom, Marize! A imaginação, impulsionada por palavras especiais, nos leva a espaços impensáveis, sensoriais e muito gratificantes.
ResponderExcluirUm beijo.
Alarguei os meus horizontes já que, alguns autores não faziam parte da minha leitura, e de hoje em diante vou incluí-los.
ResponderExcluirEntretanto, devo dizer, que ao ler o texto senti um misto de sentimentos:
ALEGRIA porque tens mais tempo para dedicar à leitura, algo que muito te apraz
TRISTEZA porque a humanidade está mais pobre, porque ter menos aulas significa menos alunos. Menos alunos, menos educação e cultura e a professora Neiva tem o conhecimento e o dom de multiplicar a transmissão desse conhecimento nos vários cursos ofertados pela Faculdade. E, como tempo não se armazena, todos saem perdendo.
Espero que este quadro se reverta rapidamente e logo, logo, estejas com o horário preenchido e cheia de aulas. Tempo para ler, de certeza, que arrumarás. Venham os alunos.
Que excelente amiga eu tenho! E que os seus votos (similares aos meus desejos) se concretizem. Mas é preciso, também, que os fatos políticos tenham outros desdobramentos. Vamos torcer.
ResponderExcluirBjs