Promessas

Final de noite. Final de domingo. Liguei o computador e pensei: vou escrever minha crônica. Mas não quero pensar em política. Hoje estou de folga dos problemas do mundo. Tirei o dia para amenidades. Foi um dia de chuva miúda e contínua, de preguiça alongada, como os passinhos dos ponteiros dos relógios analógicos. Tinha tudo para ser triste, mas não foi. Tivemos um almoço alegre em meio à família e a delícias gastronômicas. E também direito a vinho. Delícia! São momentos que se colam à memória e nos deixam com saudade depois.

Então, o melhor é esquecer o soco no estômago com o resultado das eleições americanas. (Não! Não! Donald Trump, não!) Mas como esquecer o nefasto Trump se é ele, sim, o vitorioso? E para a desgraça de muitos! Principalmente para aqueles que residem nos países como o nosso que, no momento, se encontram sob e sobre os escombros da terra arrasada pelo desfalque monumental cometido, aqui, pelo Partido dos Trabalhadores, e que começava agora a tentar se equilibrar com as medidas adotadas por Temer, Meirelles, Serra e outros que buscam agora, a duras penas, reerguer o país, reerguer a nossa Economia para dar dignidade àqueles que foram lesados pelo populismo e pela ganância sem limites de Lula e seus comparsas.

Ainda estou indignada. Por isso, enviei um e-mail para uma pessoa muito querida, Heloísa, dizendo: “ ‘Aquela coisa’ venceu as eleições norte-americanas e colocou o mundo em estado de pânico. Para mim foi uma surpresa muito negativa, mas espero que os republicanos consigam controlar aquele destrambelhado”.

Trump, tudo indica, será o fantasma que assombrará a vida de muitos pelo mundo todo porque insinua ele fortalecer os laços com o perigoso Putin, de quem é admirador. E assim a força da Rússia, sem ser freada pelos Estados Unidos, poderá novamente assomar outros patamares no espaço geopolítico, como no passado, e aumentar ainda mais os conflitos bélicos para satisfazer os sonhos de poder absoluto, acalentados pelo dissimulado Putin desde os tempos da KGB.

Será que estou delirando? Certamente não, mas sinceramente gostaria de estar. São ideias plausíveis estas diante do histórico de ambos, por isso o medo. E esse medo só se dissipará se no próximo ano, ao assumir a Presidência, Trump, o fanfarrão, tomar medidas contrárias às que anunciou durante toda a campanha eleitoral, as quais foram negadas logo após o resultado do Colégio Eleitoral, no discurso da vitória.

Como acreditar, então, nas palavras desse homem voluntarioso, boçal e sem planejamento para governar a maior economia do mundo e, consequentemente, os destinos das nações, porque bem sabemos que qualquer turbulência nos países que são as grandes potências como EUA e China, hoje, será um tsunami para o resto do mundo.

O que nos resta é esperar. E procurar não estragar um domingo como o de hoje que começou bem, apesar da chuva, mas com lembranças nebulosas, pois prometi a mim mesma não pensar em política, porém não consegui cumprir com o prometido. Espero, então, que outros, mais poderosos do que eu, também façam o mesmo, ou seja, não cumpram certas promessas e nos deixem viver livre e plenamente a rotina dos nossos dias, sem medos e sobressaltos e com direito a sonhar com um futuro bem melhor, e não o contrário disso.

2 comentários:

  1. Assim como tu não queres pensar em política eu, também, tinha decidido não comentar. Mudei de ideia, preciso compartilhar os meus temores. Torcia pela H. Clinton porque temia pelos valores que sustentavam o discurso do Trump. E, dentre todos, o que mais me preocupa é o efeito dominó que pode varrer a Europa, do nacionalismo exacerbado. Pelo que me lembro das aulas de História e do que tenho vindo a ler sobre as guerras mundiais, sob o enfoque socio-econômico, não gostaria de viver uma onda de nacionalismo neonazista. Torço para que Trump nos surpreenda e seja um Ronald Reagan do século XXI, com todas as implicações: do twitter até reality show. Vamos caminhando...

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    1. A política é tão cheia de nuances sórdidas que às vezes gostaríamos, sim, de nada entender a respeito dela. Vamos continuar caminhando, Graça, mas cada vez mais receosos. Essa é a verdade.
      Bjs

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