Seguir ou não o figurino?


Estamos vivendo um tempo paradoxal de rebeldia aparente e subserviência insuspeita. Todos temos de ser modernos, queiramos ou não. E ser moderno, hoje, entre outras posturas, é estar inserido nas redes sociais. Quais? Todas, me parece. “Como? Você não usa whatsApp?!!” É o espanto sincero diante de uma negativa para uma pergunta sobre esse suporte tecnológico que hoje está na palma da mão de todos: jovens e idosos. Então, não nos resta outra alternativa senão mudar a postura e aderir a tudo que surge nos novos meios de comunicação?

E se eu me negar? Bem, essa decisão leva, sem dúvida, à exclusão e a um problema de relacionamento com os seres mais antenados da atualidade. Tenho amigos que já não abrem mais os e-mails. “É tão ultrapassado, tia!”, me disse uma sobrinha. Pois é, ele como nós já está perdendo o espaço anteriormente adquirido, a ele já está se colando o rótulo de velho, de ultrapassado. E é uma tendência contemporânea, pois o mercado nos premia com uma frequência cada vez maior, em um tempo cada vez menor, com os produtos inovadores de que nos tornamos reféns, se quisermos nos manter conectados e atualizados.

Mas e a nossa liberdade de escolha? A nossa independência, pela qual todos lutamos um dia, e que hoje se tornou uma guerra ainda mais acirrada, em especial pelos jovens e adolescentes, que em sua maioria ignoram as orientações dos pais por considerá-los “cartas fora do baralho” por não mais terem argumentos para dialogar com esta geração diferente e tecnológica.

Serão mesmo tão diferentes estes jovens em sua rebeldia? Não foi sempre assim no passado? Serão mesmo tão independentes, tão autossuficientes e detentores de saber, como exteriorizam? Tenho dúvidas. Sei que o aprendizado das novas tecnologias é por eles assimilado de forma invejável, mas e quanto a outras competências? Leituras de mundo, discernimento entre o certo e o errado? Os fatos registrados nos últimos dias provam o contrário, me parece.

A invasão das escolas por alguns grupos, por todo o país, é um índice do fenômeno “Maria vai com as outras”, da ausência de discernimento desses garotos do que acontece realmente no Brasil. Conduzidos e manipulados por grupos de esquerda, entre eles pais, professores e até “autoridades”, que deveriam todos zelar pela integridade física, psicológica e intelectual desses jovens, quase crianças, ficaram estes à mercê de projetos ideológicos de adultos mal informados, alguns, e mal intencionados, outros. E estão sendo eles mesmos as maiores vítimas desse processo. Tanto é que um garoto ali foi esfaqueado por outro e perdeu a vida, e uma garota, de apenas 16 anos, foi colocada como porta-voz desses grupos, acusando em sua fala os políticos pela morte ocorrida nessa instituição invadida por eles. Pode isso? E ela deve estar se achando o máximo!

Esses fatos comprovam a incoerência entre a afirmação de que os jovens da atualidade, conectados e antenados, constituem uma geração independente, que sabe o que quer e sabe o que faz, porque detêm todas as informações “on line”, pois se assim fosse, estariam eles estudando para realizar o exame do ENEM, na data preestabelecida, e assim preparando o seu futuro e o de seu país, destroçado nos últimos anos por uma esquerda irresponsável, e não estariam ali, subservientes a representantes de ideologias caducas, celebrando a vitória da ignorância e da anarquia nas escolas. Um lembrete a eles: O saber, meninos, não se faz só com a aquisição de iPhones; exige escola, tempo e estudo. Muito estudo!

2 comentários:

  1. De fato, estamos vivendo momentos conturbados e, os valores parecem ser tão descartáveis e voláteis quanto os modismos das inovações das novas tecnologias. Assistimos a greves reclamando da PEC dos gastos públicos. E, na outra ponta aumentam os gastos públicos porque nem todos puderam realizar os exames do ENEM. Deram um tiro no próprio pé, é um contra senso. Tenho a certeza que, durante o percurso de educação formal também é ensinado que, em democracia, "a minha liberdade termina onde começa a do outro" e, nunca haverá tecnologia que derrube essa fronteira ou a torne obsoleta. Tens razão, as tecnologias são facilitadores, temos que estudar e muito. Sempre.

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    1. Obrigada por seu comentário. Estamos em sintonia, Graça, pelo fato me parece de termos tido uma formação similar. Ou assim agimos, com respeito mútuo, ou apagaremos todos os vestígios de civilidade e mergulharemos na barbárie.

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