Tudo pode acontecer


A imprevisibilidade é sempre possível. Foi uma viagem que programamos e não deu certo. Foi um projeto que na última hora se revelou falho e teve de ser refeito. Foi um ato de traição cometido por pessoas em quem muito confiávamos e que nos matou um pouco. Foi um bilhete de loteria que, comprado apenas por hábito, de repente foi premiado. Foi a voz titubeante de alguém muito contido e que, em um momento impensável, nos disse “você é muito importante pra mim”. Fatos e momentos que se colam à memória de todos que os vivenciam.

Assim, o prazer de um instante e a angústia de outro se alternam, mas nem sempre de forma equivalente, e a vida em seu percurso continua a nos surpreender, seja para o bem, seja para o mal. E talvez seja essa mesma incapacidade de prever o momento seguinte que nos impulsiona a buscar em um novo dia uma possibilidade de adoção de ações e posturas mais acertadas. Porque estamos sempre, o que é óbvio, procurando acertar e não o contrário disso.

Da mesma forma como os fatos transcorrem na vida de cada um, sem uma previsão confiável, eles se concretizam na história dos povos. E, se assim não fosse, as grandes tragédias teriam sido evitadas, poupando o sofrimento e a vida de seus habitantes. A narrativa do Cavalo de Troia, lá na Antiga Grécia, teria tido certamente outro desfecho se os troianos tivessem desconfiado do “presente” dos gregos. Abraão Lincoln não teria ido ao teatro naquela noite negra em que seu assassino ansiosamente o aguardava. Os estudantes universitários não teriam programado a sua confraternização na boate Kiss onde terminariam carbonizados quase 300 jovens de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Os últimos atos terroristas na França teriam sido interceptados pelo Serviço de Inteligência europeu, se se pudesse prever a mente diabólica dos integrantes do EI. E não estaríamos nós, aqui, em nosso país, preocupados com o que pode acontecer neste mês de agosto durante as Olimpíadas. E tudo pode acontecer, nós sabemos.

É uma preocupação não só dos responsáveis pela realização dos jogos, mas de todos que dele participam, incluindo aí os seus familiares. Sabemos que há uma união de forças nacionais e internacionais para que esse evento seja tranquilo e um sucesso, mas quem pode garantir que isso assim ocorrerá? É um momento delicado em que o país corre sério risco de ver o fim da festa antes do término previsto.

Situação de incerteza e de risco também se vê na área política para este mesmo mês de agosto. Há um impeachment em curso e por mais que se espere como certa a votação pelo sim, a decisão está nas mãos, ou no bolso talvez, dos “indecisos”. Ou seja, daqueles que esperam pela melhor oferta para, então, votar, “de acordo com a sua con$ciência”, como costumam afirmar eles. E se esse impeachment não acontecer, o que é imprescindível para que as mudanças que já começaram com o novo governo tenham continuidade, o País sofrerá um abalo sísmico incapaz de ser medido pela Escala Richter, mas capaz de desmoronar as bolsas, o valor da nossa moeda e a última esperança dos milhões de brasileiros que desempregados ainda sonham com a chegada de dias melhores.

Mas se Deus é brasileiro mesmo, como diz a maioria, então vamos torcer para que Ele se manifeste e nos proteja nestes dias e traga, também, um agosto cheio de boas notícias e de muito sucesso, de recuperação e de muitas vitórias: no esporte, na política e na Economia. Vamos torcer!

2 comentários:

  1. Estaremos juntas nessa torcida organizada, que seja um agosto brilhante e reluzente como o ouro e que o Brasil encontre as suas estrelas "no esporte, na política e na Economia."
    "As estrelas são todas iluminadas...não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?" - O Pequeno Príncipe, A. de Saint-Exupéry

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  2. O Pequeno Príncipe é uma obra atemporal e para todas as idades. E Saint-Exupéry, ao redigi-la, certamente estava sob a magia das estrelas, cuja luminiscência ressurge para nós a cada página virada. Foi o seu melhor trabalho, sem dúvida. Obrigada, Graça!

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