O tempo
Tudo é fugaz
Tudo se desfaz
Ele lá
Na política:
A anomia
Na população:
A anemia
No futuro:
O fim da democracia
O poema ébrio
Faço
Refaço
Desfaço
A sintaxe se contorce
O sentido emudece
Era uma vez um poema.
Nas mãos
Nas mãos o toque
A alegria do sentir
O calor do aconchego
A maciez das palavras
A certeza do sim
Nas mãos o vazio
Os sons emudecidos
Os instantes se diluindo
As lembranças pulsando
Nas janelas de vidro
C’est la vie
O percurso
em barco bêbado
oscila
Mas La nave va
Devagar...devagar...
Em volutas no Mar sem fim
Natal
Brilhos
Pacotes
Laços e abraços
Na cabeceira da mesa
Alguém espera
Em vão
O milagre da ressurreição.
Entressons
Para ouvidos delicados
A música não é suave
Para seres conscientes
São tempos de turbulência
Entre os sons do presente
E a violência futura
Afago meu sonho de felino
E procuro um filete de sol
Desejos
Um sol mais ameno
Um céu de brigadeiro
Um convite ao laissez-faire
E também ao devaneio
Sensações
Os sonhos
os espaços
os vazios
Uma vida secreta
de burburinhos de solidão
Odores fugazes
sabores longínquos
Tudo se mescla
tudo se refaz
na fina teia proustiana do sentir
Desistência
Esquecer os nomes
Esquecer o verbo
Esquecer os medos
Vagar sem fim
Esquecer os lugares
O aqui e o agora
Os momentos vividos
Os sonhos de outrora
Fechar as janelas
Esquecer-me de mim
Rosas Urbanas
(Para exposição de fotografias de Célia Melo)
Amarelo
Duelo intenso entre
sol e asfalto
Espelhos
Vermelho rosa
Rosa vermelho
Cor pendular entre
formas e gritos
Pétalas
Sonhos centrífugos
Aveludados
Reencontros
O mar
(Para Edilamar Galvão pelo poema escrito para Omar Khouri)
O mar é sempre imensidão
Nas ondas do verbo
Nos traços do verso
O resto é prosa miúda
Os outros
“Não desenho roupas, crio sonhos”
disse Ralph Lauren;
“Cozinhar não é química, é arte”
disse Marcel Boulet;
Não faço poemas, mas gostaria,
fundindo química, arte e sonhos,
como eles.
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