Estes e aqueles


Alguém me afirmou num dia qualquer que via nos petistas de hoje uma similaridade com os hippies do passado pela transformação que ambos sofreram no decorrer do tempo: avessos ao dinheiro no início e loucos por ele depois.

Não vejo dessa forma, contudo, esses dois grupos sociais. Não exatamente, embora existam alguns pontos que aparentemente coincidem, mas apenas aparentemente.

A geração dos hippies compreendia jovens norte-americanos que desiludidos com as normas da sociedade em que viviam, com as guerras que exterminavam vidas precoces e com a valorização crescente do dinheiro, deram início a um movimento que se distanciava de tudo isso e colocava a vida simples e tranquila do campo, sem obediência às regras urbanas vigentes como um ideal a seguir. Sem leis, portanto, mas sem violência, tendo por base a liberdade total e o lema “sexo, drogas e rock and roll”, ou seja: viver pelo prazer, sem trabalho, sem obrigações, mas tendo alguém que os sustentasse, é claro, em detrimento da sofisticação e da vida atribulada dos grandes centros urbanos.

E esses jovens que, na década de 60 do século passado, louvavam o projeto de vida alternativo de se dedicar apenas à pureza do sentir e do viver a natureza em sua plenitude, uma década depois corriam atrás do dinheiro como investidores do Wall Street, deixando para trás aquela vida franciscana, buscando substituí-la pelo conforto da vida urbana moderna e pelo luxo que o lucro propiciava.

Os petistas em nosso país, porém, após atingirem o poder, não só repetiram o gesto dos hippies, voltando atrás em seus propósitos, mas os superaram nessas mudanças de rota, pois, abandonando os hábitos simples (com que buscavam adeptos à sua ideologia), passaram a assaltar os cofres públicos onde atuavam - e assim continuam -, apesar dos contínuos processos contra eles, visando apenas ao enriquecimento pessoal, farto e rápido. Bem diferente daquilo que alardeavam esses farsantes políticos em suas pregações quando matreiramente se apresentavam como defensores da ética buscando moralizar o país.

A diferença aí é marcante, pois o hippies eram adolescentes e jovens cheios de ideais de liberdade, adeptos do amor e da justiça absoluta para todos, contra a guerra e contra todo tipo de violência, enquanto que os petistas eram, e são ainda, militantes preparados por ideólogos de esquerda, da pior espécie, para desconstruir a liberdade daqueles que vivem em países democráticos para se tornarem os donos desses países e das riquezas que estes possuem. E para isso fazem a guerra, “fazem o diabo” nas eleições, enquanto não conseguem acabar com elas, e praticam atos insanos, os mais vis, buscando o “assassinato de reputações” e de pessoas até, as quais possam apresentar empecilhos a seus propósitos.

Assim, é uma comparação indevida, me parece, diante do nítido quadro que se avista hoje e das diferenças brutais entre eles, o da ingenuidade dos primeiros, sonhando, embora equivocadamente, com um mundo melhor e mais humano, e o da crueldade destes últimos que, se não interrompidos a tempo pela população esclarecida, nos farão reviver os tempos sombrios dos que estiveram sob o jugo de poderosos truculentos como eles, os petistas, ou se igualarão àqueles que ainda sofrem as agruras impostas pelos ditadores da atualidade, e amigos dos governantes petistas, de países como China, Irã e outros, ou países vários da África miserável, ou ainda e mais próximos de nós como os países latino-americanos, cujos donos do poder subjugam as populações a uma vida sem liberdade, sem dignidade e sem futuro.

Sou mais os hippies que não queriam poder e dinheiro, como os nossos petistas, apenas “paz e amor” para todos. Não saíam aos gritos às ruas, atrapalhando o trânsito e erguendo bandeiras vermelhas, símbolo de luta, sofrimento e morte, mas privilegiavam as cores claras, em especial a branca, símbolo da pureza de suas utopias, assim como os cabelos soltos e as saias longas e leves na transparência que emoldurava as pequeninas e delicadas flores, que compunham o seu pueril e descontraído visual.

E sonhavam somente com um mundo tranquilo, sem mentiras e sem traições, sonhavam apenas com um mundo melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário