Politicamente correto ou incorreto?

Os brasileiros adoram slogans e eufemismos. Além dos “malfeitos”, eufemismo predileto da Presidente atual para proteger os políticos corruptos, e do Bolsa-reclusão que beneficia os familiares de bandidos, temos o slogan “Brasil um país de todos”, em que só os tolos acreditam. Agora, para comemorar o Dia das Mães, surgiu o programa denominado “Brasil carinhoso” para famílias que tenham crianças de 0 a 6 anos em casa. Mais uma bolsa (eleição?) no valor de sessenta ou setenta reais, não sei bem.
Que cuidado com as crianças! Que carinho! Só não entendo por que os postos de saúde para o atendimento dessas crianças é tão precário, tão ineficiente, levando as mães ao desespero quando deles necessitam para consultas ou internações. Não há médicos, dizem os atendentes. Não há leitos, confirmam os médicos impotentes. Não seria um passo mais afetivo e efetivo oferecer melhores condições de saúde a todas as crianças e de todas as idades? Pois me parece que todas elas merecem os mesmos cuidados, a mesma atenção. Ou estou equivocada? Não é o que diz o slogan “Brasil um país de todos”?
São tempos de farsa estes em que vivemos hoje. Nunca se mentiu tanto quanto agora. Abrimos os jornais e as notícias diárias trazem as fotos dos políticos pilantras e seus comparsas sempre negando seus atos ilícitos. Se perguntados sobre o relacionamento entre eles, negam e juram não se conhecerem até que gravações (permitidas ou não pela justiça) revelam o contrário; fotos e mais fotos comprovam a sua longa e íntima amizade, e a conta bancária que atinge cifras inimagináveis em tempo recorde comprova que a fortuna amealhada, de ambas as partes, não é fruto de trabalho honesto e, sim, de desvio de verbas públicas acumuladas com os impostos que nós, brasileiros bonzinhos, pagamos.
Certo estava o Padre Antônio Vieira que já em seu tempo assim analisava o discurso dos políticos: “eles não querem o nosso bem, eles querem os nossos bens”. E o que se observa cada vez mais é que eles primeiro, e com jeitinho, nos tomam o voto, e depois a maior parte do salário por meio de impostos abusivos. E com a fortuna arrecadada, que deveria ser revertida em serviços à população, fazem a festa. Aqui ou em Paris, regada às melhores bebidas e compartilhada com as mais belas e caras mulheres. Este é o país da tolerância sem limites, não há dúvida.
Mas diante das câmeras esses homens públicos se dizem honestos, choram e se mostram indignados com a chantagem de que estão sendo vítimas graças às intrigas de seus opositores e à voracidade da mídia, essa máquina espúria, segundo eles, de criar fatos e assim expô-los, “políticos honestos” que são, à execração do povo que, por ser inculto em sua maioria, acaba por dar mais crédito aos lamentos dessas figuras inescrupulosas que às contundentes provas exibidas sem trégua pelos meios impressos e televisivos de comunicação. Daí o desejo, não confessado pela maioria, de calar a impressa por meio de uma ferramenta coercitiva: o marco regulatório.
Agora tem início a “Comissão da Verdade” para apurar os crimes no período da ditadura, mas já começa com uma visão unilateral. Isto significa: uma visão pela metade. Só serão examinados os crimes praticados pelos militares e não pelos terroristas. Palavra hoje, por motivos óbvios, colocada no ostracismo. Esta é uma medida correta ou incorreta?
“Transparência” é a palavra da vez. Tudo tem que ser transparente, dizem os aliados do governo, após pressão forte da imprensa e da parte esclarecida da população, exigindo acesso às informações relativas a receitas, despesas, licitações e outras e outras... Mas como será a aplicação dessa lei, a Lei de Acesso à Informação? É isso que nos preocupa. Será que os dados serão confiáveis? Não serão manipulados? Haverá a esperada Transparência mesmo? Pois o que temos observado, contudo, é que quanto mais se banalizam as palavras, menos peso elas adquirem. Ou seja, quanto mais as repetimos, menos as praticamos. Gostaria muito sim que houvesse transparência na fala e nos atos dos governantes, assim como nas planilhas e informações ao nosso dispor, para que pudéssemos crer que este é realmente um país de todos.



2 comentários:

  1. Nos indignamos com tanta falcatrua `cuspida` na nossa cara pela imprensa, mas nada podemos fazer para melhorar a corrupção escancarada, elém de expor nossas opniões e votar em políticos de ficha limpa ou menos corruptos do que os outros.

    Adorei o texto. Pois muitos são os indignados com esse Brasil que não vai pra frente, mais poucos falam alguma coisa.

    Parabens.

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    1. É preciso ficar de "olhos bem abertos" porque os políticos desonestos estão sempre prontos a nos enganar.
      Grata

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