Venceu a sensatez

Havia uma expectativa entre as pessoas de bem, em nosso país, quanto ao julgamento do ex-Presidente Lula pelos juízes do TRF-4, de Porto Alegre, no dia de hoje (24/01) sobre o tríplex do Guarujá.

 Afinal, o encantado tríplex, pela ótica desses juízes, seria ou não de Lula? Eles apresentariam mesmo provas contundentes para nos convencer, em especial aos petistas, de que o ex-Presidente vinha driblando a justiça com seu "exército" de mais de vinte advogados, daqui e de fora, a peso de ouro porque esse metal não lhe falta, de que Lula nada tinha a ver com essa história de tríplex? De que esse apartamento, que nasceu pequeno e depois se transformou em um dúplex e mais tarde em um luxuoso tríplex, foi uma fantasiosa ficção do juiz Sergio Moro para levá-lo à prisão, mesmo inocente, como ele afirmava aos quatro ventos? E, por fim,  a dúvida cruel: Lula seria ou não condenado por eles?

O resultado está em todas as mídias. Não só foi condenado pelos competentíssimos juízes de Porto Alegre, como teve a pena aumentada de nove anos e seis meses para doze anos e um mês.

Os nossos cumprimentos a esse grupo de juristas que, assim agindo, ameniza um pouco a imagem negativa produzida pelo Supremo Tribunal Federal, tão oscilante em suas decisões nos últimos tempos.

E, ao contrário das sessões do STF, assistimos, hoje, a uma aula de Direito, de Civismo e de Língua Portuguesa, pois, diante de uma retórica impecável e de uma precisão linguística elegante, como há muito não se ouvia, os nossos ouvidos foram agraciados com uma fala que pouco a pouco foi demonstrando, aos leigos e aos iniciados, que eles julgavam fatos e não homens. E que estes, se envolvidos com os fatos, a partir de um indício aqui, outro ali e outro acolá, deveriam ser punidos porque esses indícios se constituíam em provas incontestáveis contra quem os praticou.

Assim, provaram eles o envolvimento e a culpa de Lula e confirmaram ainda a competência da teoria peirceana da Semiótica, uma ciência que segundo seu autor tem por objetivo a busca da verdade. E a verdade ali restou comprovada.

7 comentários:

  1. Fala a voz da razão e uma verdade irrefutável: trabalho delega-se, responsabilidade não. Já diziam os meus avós, que batiam nessa tecla para educar os filhos e netos: tanto é ladrão aquele que vai ao pomar pegar uma fruta, como o que fica no portão à espreita.

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  2. Nada como ter amigos que receberam uma educação adequada e, por isso, são capazes de concordar rapidamente com aqueles que ficam do lado da ética e da lisura, e não da esperteza e da ilicitude. Obrigada pelo apoio.

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  3. Acho sua abordagem interessante. Independente de saudar o resultado o fato nos demostra uma grande esperança, não de uma vitória contra uma pessoa ou partido, mas sim da justiça. A explanação jurista nos demostra de que é possível ser técnico sem ser sofisticado.

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  4. Obrigada, Elenice, por sua leitura tão pertinente em relação à nova imagem projetada pelos juízes de Porto Alegre para a população brasileira: a Justiça ainda vigora no país. E que assim continue, é o que esperamos. O meu abraço.

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  5. Existam ou não vícios processuais como alegam alguns juristas, lembro-me de um dito popular: "Onde há fumaça, há fogo".

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  6. Perfeito, Anna! E é um dos exemplos da Semiótica, exemplo de índice peirceano. Está no meu livro A construção da linguagem. Que bom que concorda comigo e com algumas das minhas análises.E que bom que deu um retorno ao meu texto. Um beijo.

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