Essas máquinas terríveis

Meu computador ontem resolveu me punir. Sabe ele que não sinto uma forte atração pelas máquinas, mas sim pelas palavras, ora no processo de leitura, ora na atividade da escrita. Gosto do convívio com sons e letras que produzem sentido, ou sentidos. Estes até me atraem ainda mais porque me envolvo por mais tempo na busca de uma codificação ou decodificação da mensagem ali contida.

E assim leio e releio os textos que me chegam às mãos. redijo e refaço os que me vêm à mente. Mas meu computador ontem, enciumado talvez, congelou meus e-mails. A imobilidade foi total. Nada se movia na telinha, exceto um pequeno  círculo azul que substituiu a seta e não mais obedecia ao meu comando para abrir as mensagens ou para me colocar em contato com alguém. E assim continua: inerte, paralisado.

Inúteis foram as minhas tentativas porque mínimas também são as minhas habilidades tecnológicas. Não, não sou expert nessa área, embora reconheça a importância de saber manipular essas máquinas mágico- demoníacas para com elas viver em harmonia. E tudo indica que não haverá, para mim, grandes progressos futuros se as minhas paixões continuarem outras, apenas as outras. E sem paixão nada acontece. Por isso, os meus e-mails continuam protegidos por um enigmático círculo azul e eu impotente diante dele.

Mas amanhã chegará aquele a quem pedi socorro: o técnico, e a situação se inverterá, tenho certeza. Tudo voltará como antes até que um novo símbolo malévolo venha  novamente me trazer transtornos ou que eu, cansada da posição de perdedora, decida mudar minha postura. Ou seja, que eu  adote aquela situação tão conhecida, e mais ou menos assim: "já que não posso vencer meu inimigo, procurarei dele me tornar amigo". 

Acho que terei mesmo de iniciar uma relação mais afetiva com esse equipamento meio "palocciano", "frio e calculista" que acabou por me trair num momento em que tanto precisava dele.        

8 comentários:

  1. Sendo bem direta “cada macaco no seu galho”, não tragas para a lide o “palocciano”, “frio e calculista” que acabou por te trair... kkkkk.
    Identifico-me nas tuas palavras e sentir, em parte, pois sou uma negação em hardware e software, mas adoro e, sempre que possível, uso e exijo que se use pois sou um pouco preguiçosa, digamos, gosto de fazer uma vez e certo, beirando a perfeição já que o ótimo é inimigo da excelência. Todas estas novas tecnologias permitem liberar a nossa criatividade e formatar simulações em frações de segundo num grau de confiabilidade extremo. Haja capacidade para ler, interpretar e extrapolar tendências. Que maravilha a tecnologia e faço votos que os técnicos/criativos criem novas ferramentas. Que as bolinhas e o Ctrl+Alt+Del nos deixem zonzas e impotentes até um dia... mundo adorável até quando os técnicos não consertam e fazem atalhos. Aí dá-me um nó! Sou e estou solidária contigo.

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    1. Nada como ter amigos gentis! Por eles, até nossas falhas são compreendidas e perdoadas. E você é uma grande amiga, Graça. Bjs

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ainda bem que não entendemos de tecnologia. Deixa isso para os "sem letras".

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  4. Ainda bem que não entendemos de tecnologia. Deixa isso para os "sem letras".

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    1. A esta altura da vida, Marize, é melhor mesmo que eu continue no mundo das letrinhas (impressas ou virtuais). E diante de imprevistos, apelar para o help desk. Beijos

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  5. As máquinas são úteis, elas facilitam o escrever e o reescrever, mas a leitura do texto plurissignificativo essa o computador ainda não alcançou. Faltam-lhe sensibilidade e olhar que só os letrados têm, como você, querida Neiva.

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    1. Um elogio desses, de quem é especialista em linguagem, é de inflar o ego. Obrigada, Anna, em especial pelo momento quase sem perspectivas que nos envolve.

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