A Páscoa e os políticos


 
Nesta última Semana Santa, a vida dos políticos brasileiros tornou-se um inferno com a divulgação dos áudios e vídeos das delações dos manda-chuvas da Odebrecht, a maior empreiteira do país. Pai e filho, Emílio e Marcelo Odebrecht, trouxeram à tona as relações promíscuas, entre eles e os chefões de Brasília, principalmente, e descritas em detalhes, com a maior naturalidade e parece até com um certo orgulho pelo grande feito.

A caixa de Pandora foi aberta e já podemos começar a visualizar quanto dinheiro nosso foi para o ralo nestes últimos anos, ou melhor, para o bolso e as contas bancárias, aqui e lá fora, de Suas Excelências, essa gente honesta que nos representa em todas as instâncias do Estado com a maior dedicação e o maior respeito por nós, cidadãos, e pela “res publica”.

Mas não são modelos de exportação, não, pois nunca tantos roubaram tanto! É um fenômeno que exige uma análise cuidadosa, pois embora sempre se dissesse que o brasileiro era criativo, não tínhamos ainda a dimensão real dessa habilidade, do quanto isso era real quando um líder político se via com a chave do cofre nas mãos e a credibilidade em alta. Esta, me parece, é uma situação similar a de um filho que se droga, rouba os pais para adquirir o baseado, mas eles, os pais, jamais desconfiam que estão dando abrigo e proteção àquele que os assalta. E assim procedeu nestes últimos anos a maior parte da população brasileira, dando cobertura àqueles que os assaltavam.

A turma da “ala honesta” do Planalto, porém, chefiada pela” alma mais honesta” do país, roubou o quanto quis, com as bênçãos dos seus pares que recebiam também o seu quinhão e, por isso, mantinham a boca fechada e defendiam com unhas e dentes as malandragens que ali se praticavam, sempre com medo de perderem a boquinha.

E para se manter a continuidade desse esquema, necessário seria dar visibilidade à figura maior que estava no poder, o Sr. Lula da Silva.

Campanhas sofisticadas, caríssimas, como nunca antes se vira, foram ao ar neste país de paupérrimos para mostrar a força do ”Lula-lá” ao seu eleitorado. Tudo indica que o exemplo midiático teve seguidores, desencadeando um processo que uma vez iniciado não tinha mais como ser interrompido. A contaminação se fez e o resultado é alarmante. Políticos de todos os partidos, para poderem competir com aqueles que detinham o poder maior, ou seja, o poder do dinheiro, aderiram ao Caixa 2. E segundo Emílio Odebrecht nenhum político se elegeu neste país sem O Caixa 2 nos últimos anos.

O Caixa 2, portanto, foi a herança maldita que o Pixuleco nos deixou, além da inflação da propina, que embora já existisse no Brasil, jamais atingira valores tão exorbitantes O Lula é mesmo o máximo e deve, por isso, receber também uma pena à altura de seus méritos e de sua criatividade. Mas, vamos ser honestos: nessa história de assalto ao erário público não há inocentes. Só rouba quem quer. Contudo, segundo os denunciados e seus representantes, todos agiram dentro da lei e são, portanto, inocentes, sem exceção. O que acham?

2 comentários:

  1. Resposta difícil e ao mesmo tempo fácil que o digam os fiscais do IR e outros que passam anos a fio avaliando (?) a criatividade de burlar a lei, em especial as suas lacunas e sem dó nem piedade todos são culpados.

    Por outro lado, sem querer ser irônica, sendo, há um ditado popular que diz "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão".

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  2. Gostei da lembrança, Graça. E acho que isso é o que eles esperam com a aprovação da lei referente ao Abuso de autoridade, que está para ser votada. Com ela, eles, os canalhas,seriam todos perdoados e os juízes iriam para a cadeia. E tudo voltaria à normalidade. Só aqui, mesmo.
    Bjs

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