Findo o carnaval, a rotina das notícias políticas e
judiciais voltam a ocupar com força todas as mídias. E nós acompanhamos sem
muito entusiasmo o que nos é informado sobre as decisões a serem tomadas em
Brasília, em especial pelo Congresso Nacional e pelo Supremo Tribunal Federal,
já que conhecemos o ritmo e as surpresas que permeiam as discussões e as
decisões por eles tomadas.
A população não vê com bons olhos, nem as falas exaltadas
dos parlamentares ao defender ou rejeitar qualquer projeto em votação no
plenário, nem a expressão mansa e quase sempre erudita de muitos magistrados
quando do julgamento de qualquer processo que caia nas mãos desses eminentes
togados.
Por exemplo, a liberação de criminosos, como o goleiro Bruno,
liberado pelo juiz Marco Aurélio Mello, do STF que matou a namorada e, segundo relato
dele mesmo à época do crime, dela nada restou porque até os ossos foram
devorados pelos cães. Verdade ou não, o corpo nunca apareceu, mas só mesmo o
autor de um ato horrendo como esse poderia confirmá-lo. Mas, certamente, seu
depoimento posterior deve ter sido outro, ou não estaria hoje, para surpresa de
todos nós, fora das grades e segundo informações dadas à imprensa sendo
disputado pelos clubes de futebol, por ser um expert, para voltar a empolgar os
torcedores e definir os resultados dos jogos quando do sistema “mata-mata”.
A população também não mais acredita na lenga-lenga dos
políticos que juram defender os interesses do país quando diante de votações
importantes como a da Previdência, por exemplo, se mostram contra essas
mudanças porque, segundo eles, a reforma da Previdência é prejudicial aos
trabalhadores, mesmo cientes de que se nada for feito, esses mesmos
trabalhadores, e outros que os seguirão, não mais terão os seus benefícios
pagos dentro de poucos anos porque não haverá dinheiro em caixa para tanto.
Esses políticos sabem disso, têm ciência do gravíssimo
problema que se arrasta há muitos anos e foi sendo deixado para trás, de forma
irresponsável pelos governos anteriores, por ser essa uma medida impopular, mas
preferem eles, por motivos ideológicos, remar contra a maré, ir contra a lógica
dos fatos e tumultuar as sessões da Câmara com gritos e ofensas, dando a
impressão de que estão preocupados com o povo, quando na verdade o que buscam é
aparecer na mídia e gravar essas imagens para a próxima campanha eleitoral.
Assim, esses populistas vão se perpetuando na política com
altíssimos salários e privilégios mil, às custas de uma população ingênua que
neles acredita e nas urnas coloca confiante o seu voto, certa de que está
fazendo um bem para o seu futuro e o do seu país.
“Pobres ignorantes”, diria Guimarães Rosa, “quem menos sabe
do sapato é a sola.”
Um lembrete: a sola de um sapato nada vê senão o chão. Leiam
o belíssimo conto “Uai, Eu?!”, da obra Tutaméia e nele encontrarão a frase.
Esse Guimarães é incrível!
Essa minha amiga Neiva Rosas consegue passear entre o caos político e as palavras que soam belas, mas cheias de outras intenções...linda do meu coração. Beijos de saudade
ResponderExcluirA saudade é recíproca e o carinho por você também. Bjs
ResponderExcluirObrigada Neiva, suas palavras expressam muito dos meus sentimentos... Bj grande
ResponderExcluirQue saudade, Carla! E que bom termos tantas afinidades! Bjs
ExcluirMuito clara sua exposição da nossa realidade. Eu , que nunca tive simpatia por Michel temer estou aprendendo a admirá-lo, pois vejo nele uma real vontade de fazer algo de perene pelo país. Sua determinação de fazer aprovar a reforma da Previdência,que tanto pesa contra sua popularidade, é o maior sinal da necessidade de sua aprovação.
ResponderExcluirQue bom que tenha aprovado meu texto e que comece a visualizar uma possibilidade de mudança política neste país tão devastado pelo tsunami petista.
ResponderExcluirAbraços, Mara!
Ao ler "As turbulências de março" sou inundada pelas águas de março e, levada pela correnteza que nos mostra o quão são propícios, estes tempos, para manipular as massas e criarem-se situações que não atendem aos interesses do Brasil, enquanto nação.
ResponderExcluirSinto tristeza, para não dizer amargura, por tudo o que está retratado e o que representam essas turbulências, dispensáveis. Por outro lado, pela leveza e correr da pena da autora, sinto-me feliz por ler um texto fiel , nas suas colocações, sobre o âmago das questões que ora vivemos. Gostaria de estar a ler uma narrativa de ficção. A real(idade) que vivemos nos chama a enfrentar e participar na construção de um Brasil melhor para todos.
Neiva, podes continuar a sacudir-nos com as verdades ... por mais duras e turbulentas que sejam. Só a crítica construtiva engrandece e dignifica a vida.
Que bom ler seu comentário, Graça, e sentir que você, como eu também, gostaria que tudo não passasse de ficção apenas. Mas prometo que alternarei meus escritos, ora apontando para as questões políticas; ora para as sutilezas da vida, pois são estas últimas que dão sabor ao estar aqui. Bjs.
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