Um ano nada promissor


O desejo de ter pela frente dias melhores é muito natural nos seres humanos. Não fosse isso, não haveria sentido em nos empenhar no trabalho, no estudo, nas relações pessoais e afetivas. Sonhamos sempre com um outro amanhã: mais ameno, mais feliz, menos problemático. Por isso, quando um ano se inicia uma chama de esperança, por menor que seja, parece nos acenar como que dizendo: “Agora, tudo será diferente. Tudo será melhor”. E essa sensação nos anima a recomeçar.

Neste ano, porém, não sinto no ar essa vibração positiva. As pessoas estão desmotivadas, preocupadas mesmo, e muitas me confessam o seu medo quanto ao destino do país. Não é para menos, basta ligar a TV, abrir os jornais, acompanhar o noticiário, ouvir ou ler as entrevistas de economistas, filósofos, ou ir ao supermercado para que as nossas apreensões se confirmem, encontrem eco.

O país vai mal, muito mal. Falta água, falta luz, falta emprego. Falta pagar salários em atraso aos médicos que realmente trabalham e, quase sempre, sem estrutura adequada. Falta pagar condignamente aos professores da rede pública e, então, exigir deles mais dedicação ao ensino. Falta ajustar a tabela do Imposto de Renda porque grande parte do que se ganha é abocanhada pelo insaciável leão de Brasília, a ilha do pesadelo. Falta... Falta... Falta... Porque faltam seriedade e ética na política brasileira. Porque sobram ignorância de uns e covardia de outros, na população, para reagir diante de tanta negligência, tanto descaso e incontáveis falcatruas praticadas pelos que nos governam.

Até quando o povo suportará calado a todas essas anomalias palacianas? Lembro-me que por muito menos se depôs um presidente em 1992: Fernando Collor. E o pivô da crise? Um carrinho Fiat Elba. Que escândalo!, dizia-se à época. O povo então saiu às ruas, exigindo o “impeachment” do presidente desonesto, estimulado por um partido que acabara de nascer, o PT, tendo à frente o farsante Lula que propunha o fim dos governos corruptos e o início de uma nova era sob a égide da bandeira do PT. Partido que propunha uma limpeza ética e moral na política brasileira.

E chegou essa nova era. Infelizmente é a que vivenciamos hoje, iniciada há doze anos e que nos mostrou a que vieram os “puros” e revolucionários petistas. Armados de slogans criados por marqueteiros, como “Brasil um país de todos”, foram se apoderando da mente dos mais simplórios e esvaziando os cofres do país, enriquecendo a si e a seus familiares (e amigos que os apoiavam), às custas dos que trabalham e agem dentro das leis, pagando com muito esforço os impostos escorchantes que eles nos cobram.

Alguns dizem que chegamos ao fundo do poço. Em questões éticas, sim, acredito que atingimos o nível que jamais suspeitávamos, por tudo que já se viu e ouviu, mas quanto às consequências dos atos corruptos praticados por esse grupo de desclassificados e larápios, muito ainda falta ser revelado, pois ainda nem chegamos aos valores reais desviados das estatais, e que começou com milhares de reais, passou a milhões, já se fala em bilhões, e amanhã quais serão as cifras verdadeiras? Ninguém pode precisar o montante do rombo, e se em moeda nacional ou em dólares, tamanha é a confusão.

Enquanto isso, grupelhos fazem passeata na Avenida Paulista, em São Paulo, protestando contra o aumento “absurdo” de 50 centavos nas passagens dos transportes públicos. Serão eles tão alienados assim dos reais problemas do país, ou estão a serviço de alguns que, com isso, buscam desviar o foco das atenções da bilionária operação "Lava-jato" para uns reles trocados no bilhete do usuário de ônibus, trem e metrô?

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