Agosto: mês de desgosto?


“Eu tenho um sonho” disse Martin Luther King, em 1963, ao povo norte-americano, referindo-se à possibilidade de em um futuro não muito distante os povos de todos os lugares não mais se dividirem por uma diferenciação na cor da pele. Frase várias vezes repetida em seu discurso, tentando com ela contagiar seu povo com a esperança em dias melhores. Sonho que, se não foi totalmente atingido, o foi em parte, sim, com o fim do Apartheid na África do Sul, na década de 80 do século passado.

“Eu tenho um sonho”, se proferida hoje, em tempos de redes sociais, certamente essa frase se tornaria viral pela nossa identificação com ela, porque todos nós temos sonhos. Sempre os tivemos. E que sonhos! Sonhos de grandeza para nosso país que encanta a todos pelas riquezas naturais, pela beleza incomum e por seu inegável potencial. Por isso, talvez, muitos acreditavam que o país caminhava na direção do progresso, tal era a propaganda enganosa veiculada pelo governo e eram poucos os que desconfiavam da malandragem que se escondia nos bastidores do Planalto. Hoje, esses poucos se multiplicaram e somente 7,7% (índice composto por analfabetos e fanáticos) da população ainda afirma crer nesses meliantes que nos assaltaram sem trégua durante doze anos.

Mas um pouco tarde talvez, pois as dificuldades se agigantaram de tal forma, com a descoberta dos cofres vazios, a diluição da economia, das empresas e dos empregos, e a consequente fuga de capital estrangeiro, que nos últimos tempos num processo evolutivo, veloz e voraz, vem consumindo as nossas reservas, as nossas esperanças e até mesmo a nossa paciência.

Ao abrirmos os jornais, ligarmos a TV ou nos conectarmos à internet, um mundo de violência contra o país e o povo nos é apresentado com a participação de políticos das mais altas esferas, políticos estes com um discurso contínuo de ética elevadíssima, envolvidos, contudo, em falcatruas impensáveis, resultando em enriquecimentos rápidos e tão altamente volumosos, a ponto de causar inveja aos mais truculentos e bilionários dirigentes das perversas ditaduras oficiais espalhadas pelo mundo.

Ditaduras estas cujos representantes são amigos, aliados e comparsas nas negociatas do ex-Presidente Lula, conforme as notícias veiculadas pelas diversas mídias desde o mês de julho e apoiadas nas investigações . Amigos também da PresidentA Dilma. Mas esta para disfarçar sua ideologia autoritária afirma a todo momento que somos uma democracia e, por isso, a palavra impeachment diante de seus ilícitos é vista por ela, por conveniência e medo, como “golpe” da oposição. O que não passa de uma falácia porque os crimes por ela cometidos (e ela bem sabe) são proibidos pela Constituição.

E a Constituição nos obriga a todos a respeitá-la. A nós, que pagamos impostos e sustentamos o país, e aos políticos que muitas vezes, como agora, a desrespeitam, desviando essas verbas em benefício próprio. Para nós, o povo, se houver deslizes, há multas pesadas, nome negativado (termo indigesto) no SPC, etc... etc..., porque estamos fora do círculo do poder. Mas ali, nos espaços internos da cúpula governamental, onde os atores aspiram ao intocável, ao sagrado, parece haver um terreno movediço em que o cenário se molda às situações, projetando novas luzes sobre a ambientação para confundir ainda mais a plateia boquiaberta com o jogo sujo que ali se faz.

E se ameaçados se sentirem, surgem, então, as revoltas e a indignação como se realmente pertencessem a uma casta classe política. Quanta hipocrisia!

Contudo, a operação Lava Jato segue impávida em seu curso. Empresários e políticos que o digam nas frias celas de Curitiba. Faltam, porém, os peixes grandes da política brasileira que certamente estão já com as barbas de molho, pois sabem eles que estão próximos de degustar as quentinhas em locais mais reservados, sem o burburinho das vaias e dos panelaços. E a população agora tem um sonho só, o maior deles: ver no mês de agosto, talvez, o causador de tudo, o palestrante mais importante, e mais bem pago do país, Lula da Silva, desmascarado, algemado e a caminho de uma cela que o espera ansiosa para o aconchegante abraço final. Não custa sonhar.

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