Um jornal e tanto

Desde a chegada de 2015 que os noticiários parecem ter enlouquecido e só nos trazem notícias ruins. O ataque ao jornal Charlie Hebdo, na França, e as vítimas desse ataque; a execução do brasileiro preso na Indonésia por tráfico de drogas; os reféns japoneses nas mãos dos terroristas, prestes a serem decapitados se o governo não lhes enviar uma exorbitante quantia em dólares (para a compra de mais armas, certamente e, assim, fortalecer mais ainda o terrorismo); o assassinato/“suicídio” do promotor federal argentino Alberto Nisman que iria apresentar no dia seguinte as provas do envolvimento da Presidente Cristina Kirchner com o ataque iraniano aos judeus em seu país, sendo, então, beneficiada com um lucrativo acordo comercial com o Irã; o atual Ministro da Fazenda trazendo uma solução “criativa” para o rombo na contas públicas praticado pelo governo que há doze anos ocupa o Planalto, ou seja: aumento de impostos, todos em benefício do povo, é claro. E outros e outros mais.

Mas os jornais só trazem esse tipo de notícia mesmo, poderiam dizer alguns. Não, não é verdade! Há jornais e jornais. Há jornais que procuram, com muita seriedade, mostrar à população o que ocorre em seu país e fora dele (ainda que as notícias nos choquem), a partir de fontes confiáveis, como o jornal O Estado de S. Paulo que completa 140 anos, agora, e é reconhecido pela sua lisura, nunca se colocando a serviço de nenhum poder. E outros que, a serviço de governos espúrios, e sendo premiados por isso, só noticiam o que interessa a esses governos, portanto os beneficiam, escondendo da população os fatos negativos de suas ações, só expondo a de seus oponentes, continuamente desvirtuando os fatos, como ainda acontece em Cuba e na Venezuela, para citar os países amigos daqueles que nos governam hoje, ou seja, os petistas.

Nesses veículos “chapa branca”, o que se encontra são apenas desinformações. As “notícias” não retratam os fatos reais, mas tão-somente os fatos que a sua ideologia permite e idealiza. As decisões tomadas pelos governantes desses países são sempre as melhores, todas edulcoradas, segundo os noticiários locais, sempre acertadas, mas não se entende, então, por que a população dessas regiões vive tão mal! Isso revela que a população, como a mídia, se torna refém do Estado e sem o sabor da notícia verdadeira, ainda que chocante, ela caminha sem saber para onde vai, sem opção e sem futuro.

O jornal O Estado de S. Paulo, que entrou em circulação na data de 04 de janeiro de 1875, com o nome A Província de São Paulo, foi fundado, segundo o próprio jornal, “por republicanos liderados por Campos Sales e Américo Brasiliense, combatia a monarquia e a escravidão e tinha como lema ‘fazer da sua independência o apanágio de sua força’”. Assim, o jornal nasceu sob a égide da liberdade, da independência, lutando já contra as forças vigentes, atitude que manteve mesmo nos momentos mais difíceis por que passou o país, e ainda passa, se lembrarmos que atualmente ele continua censurado pelo governo federal e que fechará o mês de janeiro com 1.950 dias de censura por noticiar ações ilegais praticadas pelo filho do ex-Presidente Sarney, este tão criticado por Lula anteriormente, e tão elogiado pelo mesmo depois. Ser camaleão parece ser, sim, característica maior de alguns políticos brasileiros.

E ainda resgatando a fala da edição comemorativa de 18 de janeiro último, edição que à época foi impressa à luz de velas, temos o seu pefil: “Republicano na monarquia, abolicionista na escravidão, rebelde nas ditaduras, invadido, censurado, ele tem sido, em grandes momentos, testemunha e protagonista. Nessa missão, jamais se afastou de suas causas originais – a independência editorial e a defesa da democracia, da livre iniciativa e da liberdade de expressão.”

São essas as razões que nos levam a admirar esse veículo midiático pela sua trajetória vitoriosa, apesar dos percalços sofridos, pela coragem de manter, em seu quadro, jornalistas também éticos e corajosos que, como ele, não se intimidam diante das ameaças dos poderosos quando expõem as mazelas por aqueles praticadas, com o mesmo objetivo: informar adequadamente os leitores para torná-los cidadãos conscientes, ampliar e aprofundar a sua visão de mundo. Esse é o papel do jornal, do bom jornal.

Por isso, vejo na leitura diária do Estadão uma forma de aprendizado contínuo sobre a história, a política, sobre nós e sobre o mundo, transmitindo esses saberes por seu editorial e seus articulistas que não apenas se limitam a nos dar as notícias, mas em explicá-las para que o mundo se torne uma paisagem, boa ou má, não importa, mas que possa ser visualizada com nitidez pela janela aberta de nossa casa.


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