Sempre defendi a leitura do jornal O Estado de S. Paulo pela seriedade de sua informação, com editoriais que
buscam trazer à luz fatos que nem sempre compreendemos no momento, e por contar
também com articulistas que corroboram essa postura responsável e de qualidade,
imprescindíveis a um bom veículo informativo. Mas sei também que podemos
encontrar bons jornalistas e boas matérias em outras mídias.
E foi o que aconteceu neste domingo, dia 22 de
outubro. Ao dar uma olhada no jornal Folha
de S. Paulo, me deparei com um artigo de Flávio Rocha, cujo título “O
comunista está nu”, muito me surpreendeu pela clareza com que em poucas linhas
ele nos dá o panorama das estratégias de atuação da esquerda aqui, entre nós, e
no mundo afora para atingir seus objetivos que não são os mais nobres, seguindo
a linha sinuosa do italiano Antonio Gramsci: “combater o capitalismo pelos
flancos mais sensíveis”, diz o texto.
E quais seriam esses flancos? Segundo o articulista,
as “trincheiras burguesas”, ou seja, o Judiciário, as Forças Armadas, os
partidos conservadores, a polícia, a igreja e a família. E nesta última a
dissolução de valores morais. Por isso, as exposições que tanta polêmica causaram
e, não sem razão, foram defendidas aguerridamente pelos artistas, pelos
intelectuais e por mídias, também comprometidas com esses propósitos (embora, muitas
vezes, de forma dissimulada), buscando com essa guerra contra o capitalismo e a
democracia fortalecer os partidos de esquerda que se esfacelaram na Rússia “no
início dos anos 90, sob o peso de sua ineficiência, injustiça e isolamento”,
segundo ele.
Flávio Rocha, então, afirma “Se venho a público,
expondo-me à patrulha ideológica infiltrada nos meios de comunicação, é para
denunciar tais iniciativas como parte de um plano urdido nas esferas mais
sofisticadas do esquerdismo – ameaça que, não se enganem, é tão mais real
quanto elusiva. Exposições são só um exemplo. Há muitos outros: associação de
capitalismo e picaretagem na dramaturgia da TV; glorificação da bandidagem
glamorosa; vitimização do lúpem descamisado das cracolândias; certo discurso
politicamente correto nas escolas.”
E continua ele “São todos tópicos da mesma cartilha,
que visa à hegemonia cultural como meio de chegar ao comunismo. Ante tal
estratégia, Lênin e companhia parecem um tanto ingênuos À imensa maioria dos
brasileiros que não compactua com ditaduras de qualquer cor, resta zelar pelos
valores de nossa sociedade”.
Aqui, o depoimento de quem vê com maior profundidade
algumas ações que, se aparentemente gritam pela liberdade de expressão e pela
democracia, nada mais desejam senão o oposto. Basta olhar os míseros e
opressivos espaços onde a esquerda chega com mil promessas de um futuro promissor
e igualitário, sem distinções, e culmina com as mais longas, fechadas e cruéis
ditaduras.
Esse me pareceu um texto corajoso diante da patrulha
ideológica, com poucas exceções, que habita a redação da Folha de S. Paulo.