E assim caminha a Educação


A inversão de valores na Educação vem a cada dia revelando sua nova face, em especial em nosso país. Seria mesmo com este formato de greves contínuas e intermináveis por docentes, de ocupação e depredação de escolas por alunos, que os jovens conscientes, seus pais e mestres responsáveis sonharam em seus projetos de vida e de futuro?

Não sei, não. Fico confusa ao abrir os jornais ou ver/ouvir pela TV as cenas de violência praticadas por jovens “estudantes”, alguns quase crianças, que acintosamente impedem que colegas e professores se aproximem dos portões das escolas com o objetivo óbvio de respectivamente aprender e ensinar

Na USP, na UNICAMP e na UNESP, a barbárie dominou. Acompanhamos cenas vexatórias de alunos raivosos apagando a lousa à medida que o docente ali ia colocando as fórmulas matemáticas. Eles não permitiam que os mestres quisessem ensinar a alunos que queriam aprender. E a escola não nasceu com essa finalidade? Não é lá que a educação iniciada em casa se completa para que as crianças e os jovens desenvolvam a sua capacidade cognitiva e gradualmente se tornem seres pensantes, capazes de discernir entre o certo e o errado e de, posteriormente, buscar soluções para os problemas que certamente surgirão nos diversos espaços por onde irão circular? E o nosso amanhã não está nas mãos desses estudantes?

A mim parece que o nível de escolaridade dos indivíduos, o conhecimento adquirido nos bancos escolares, é o que nos diferencia e não a cor da pele, dos olhos ou dos cabelos, ou, ainda, a conta bancária. A conta bancária? perguntarão surpresos alguns. Sim, a conta bancária, porque esta, diferente do saber, também pode ser volátil. Em dado momento posso estar na lista dos mais ricos e, em outro, sair dela e quase cair no anonimato. Quem não se lembra do oitavo homem mais rico do Brasil, pela Revista Forbes, em 2012, Eike Batista? De sua elevação e queda”? O empresário que ousou afirmar que seria o homem mais rico do país em 2015, hoje, em 2016, é uma figura sem nenhuma projeção no cenário nacional.

Em tempos de “Lava Jato”, então, muitos proprietários de contas milionárias, com depósitos aqui e no exterior, estão devolvendo valores ao erário público por terem alguns atravessado o Atlântico, e outros mares, sem a devida comprovação legal e, assim, a sua riqueza está sendo implodida ou, pelo menos, se encontra em escala descendente. Dinheiro é moeda que pode ser volátil, sim.

Por isso, continuo acreditando na Educação, nesse valor maior que nos molda como pessoas e que uma vez adquirido exige uma complementação contínua desse elemento: o saber, de querer saber mais, de entender melhor, para viver condignamente em sociedade, para viver de forma plena e respeitável o tempo que aqui nos cabe. E isso ninguém nos tira porque está entranhado nessa máquina genial que é o cérebro humano.

Assim, não consigo ver com clareza, nem aceitar como um processo normal e evolutivo, o que ocorre hoje nos meios estudantis do ensino médio (fato inédito) e nos meios acadêmicos, em que o desprezo pelo ensino é o que se revela pelos atos de violência física contra o patrimônio público que os acolheu e que é pago por todos nós, que pagamos impostos para mantê-los. Atos esses praticados por alunos, apoiados muitas vezes pelos pais, e também por alguns professores que, por motivos ideológicos, talvez, encontrem nessa postura uma forma de se insurgir contra o poder vigente, sem se preocuparem com a lacuna que deixarão no currículo escolar desses incautos alunos, porque esse vazio, sabemos, não se preencherá sozinho ou por osmose.

Quão diferentes são as escolas em países onde a população sempre recebeu uma educação de alto nível! O respeito aos mestres, ao espaço onde o ensino é transmitido, aos mais velhos e ao outro, em geral, é bem visível. É perceptível o valor que move esses povos, ou seja, a educação e, assim, os faz gigantes diante de nós. E tivemos ocasião de constatar essa realidade quando da nossa fatídica Copa de 2014 em que os japoneses, após o término do jogo, recolheram todos os resíduos dos comestíveis consumidos, como copos, guardanapos etc... etc..., durante a partida, deixando o espaço que ocuparam para assisti-la tão higienizado como o encontraram.

Será que nós, em algum tempo, no futuro, assumiremos posturas similares? Pelo andar da carruagem...

Poema-vida


Nos múltiplos espaços de uma mente atormentada

Um turbilhão de cantigas imemoriais

Quase esquecidas

De imagens que se inscrevem

Meio nítidas

Meio esmaecidas

E delineiam momentos lugares e muito mais...

Registros sensíveis

Delicados

De um poema inacabado

A que misteriosamente

Intitulamos:

Vida