Jogo de vermes


Os ratos peçonhentos continuam farejando o queijo de quilates.

Muitos quilates.

E nós lavamos as mãos na bacia de Pilates.

1 – Quem ganhou?

2 – Quem perdeu?

Ora...Ora...

1 – Quem sujou as mãos.

2 – Quem lavou as mãos.

Não se pode perder a ternura, mas...

Um amigo meu nestes últimos dias reclamou que os meus textos estão muito tensos, “nervosos “talvez, e que ele os prefere mais amenos. Comecei, então, a pensar sobre o que tenho escrito e percebi que em parte ele tem alguma razão, que minha quota de tolerância anda meio abalada e que diminui a cada manhã diante das notícias dos jornais. Mas poderia ser diferente se é notório que o país está à deriva? Que nosso futuro e, em especial, daqueles a quem queremos tanto está caminhando para um apagão? Diante dessa certeza, as palavras amenas e ternas se ocultam, talvez, nos interstícios da memória e nós as esquecemos.
Gostaria, contudo, de falar apenas sobre poesia e literatura e fazer de conta que o céu está sem nuvens e que nenhuma tormenta física ou moral nos ameaça neste instante. Que o nosso país é sério, que o governo é responsável e estou equivocada, e que as minhas dúvidas e os meus medos não têm razão de ser.
Revendo alguns textos deste mesmo blog, acabei me deparando com um título “Tempo de promessas” redigido no final de 2012, quando motivada pelo caminhar do julgamento do Mensalão e da feroz batalha verbal travada entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa (defendendo o país) e Ricardo Lewandowski, o “advocatus Diaboli”, (defendendo a quadrilha de mensaleiros), acreditei na idoneidade e esforço paralelo de outro ministro: o decano Celso de Mello para o sucesso dessa luta de Barbosa contra a impunidade dos poderosos.
Ledo engano meu, pois apesar da trajetória brilhante do decano demonstrada durante a acusação dos crimes cometidos por esses meliantes, no momento de desempatar os votos contra ou a favor dos embargos infringentes, ou seja, de mandar ou não para a cadeia os maiores bandidos deste país, Celso de Mello “amarelou”, fraquejou, ou vendeu sua consciência ao famigerado partido que nos governa, e votou a favor da quadrilha, adiando assim “ad infinitum” os sucessivos julgamentos de novos e novos recursos, que agora virão, até atingir a prescrição dos crimes por eles cometidos.
Hoje, toda a cúpula do PT está comemorando a vitória comprada de seu quadro de corruptos facínoras (vide a morte de Celso Daniel e do Prefeito Toninho, de Campinas) e rindo da ingenuidade dos homens de bem que vislumbraram na figura ética e corajosa do Presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, e de alguns de seus membros - poucos hoje - uma possível contenção dos delitos praticados por essa horda que invadiu o Planalto em 2002, ali permaneceu e de lá não pretende sair jamais, tendo como suporte desse projeto de dominação o erário público (continuamente achacado pelos “companheiros”), as incontáveis “bolsas-votos” (subjugando a massa insipiente deste país) e as mentes doutrinadas pela ideologia de esquerda.
Como falar de coisas amenas, de literatura e poesia que nos encantam, tão imprescindíveis elas ao equilíbrio de nossas emoções pela leveza e suavidade que oferecem à nossa nem sempre tranquila trajetória existencial, se forças nefastas estão diuturnamente à espreita para nos atacar a qualquer momento, anulando assim cada traço de esperança, cada projeto que se insinua, cada sonho acalentado no dia a dia de cada um? Por isso, a Celso de Mello, pela sua covarde postura, só nos cabe dizer no Latim que ele tanto aprecia: “Et tu, Brutu filli!”